sexta-feira, 15 de junho de 2018

O Tribunal de Cristo


O tribunal de Cristo será estabelecido no céu, onde o Senhor Jesus Se assentará como um Juiz. Ele irá rever a vida de cada crente. A ordem da sessão será:
  • Revisão;
  • Recompensa;
  • Regozijo. 

Existem dois tipos de juiz na sociedade. Cristo executará julgamento em ambos os caracteres. Um é o juiz que atua em um caráter penal, investido de autoridade para lavrar a sentença de juízo sobre um réu culpado – isto é, o juiz que atua nas cortes judiciais de um país. O crente nunca se encontrará diante de Cristo quando Ele julgar nesse caráter. Não são os pecados do crente que estão em questão no tribunal de Cristo; isto já foi resolvido de uma vez por todas pela fé que o crente tem na obra completa de Cristo na cruz. O conhecimento disto dá ao crente uma grande confiança ao pensar no dia do julgamento (1 Jo 4:17).
O crente pode descansar na plena confiança e certeza na Palavra de Deus que lhe afirma que “não entra em juízo [julgamento[1]] (Jo 5:24 – ARA; Rm 8:1). O outro tipo de juiz é o que atua como um árbitro, tendo conhecimento suficiente para decidir o mérito de um determinado assunto – isto é, um juiz de um concurso ou exposição de arte. Este tipo de juiz aprecia a qualidade e beleza de uma determinada obra em exposição. É neste segundo caráter que Cristo é visto como um Juiz para com os crentes. Deus mantém livros (registros). Quando uma pessoa é salva, o Senhor encerra a coluna de débitos da contabilidade dessa pessoa e abre a coluna de créditos. A partir daquele momento tudo na vida do crente que for feito para Cristo será lançado para um futuro galardão ou recompensa. Cada crente será recompensado por sua fidelidade em sua vida (1 Co 4:5). O tribunal de Cristo é quando essas recompensas são entregues.
As ações do crente (2 Co 5:10), seu serviço prestado ao Senhor (1 Co 3:9-15), seus motivos (1 Co 4:4-5; Rm 2:15-16), suas palavras (Mt 12:36-37), e seu exercício pessoal (Rm 14:1-12) – tudo será repassado e revisto diante dos santos olhos do Senhor Jesus Cristo. Tudo na vida do crente será manifestado naquele dia, tanto o que praticou antes, como depois de sua conversão, pois as Escrituras dizem: “Segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co 5:10).[2]

Quando defronte ao trono, prostrado,
Sem mérito, por Ele, adornado,
Contemplarei o Senhor, revelado
E saberei, o que não sei, e me foi dado.

Tudo o que acontecer no tribunal de Cristo aparentemente será uma questão tratada entre cada santo e Deus. Não será uma exposição pública diante de outros.[3]
As coisas que os santos fizeram durante a vida que não estiverem de acordo com a aprovação do Senhor serão queimadas e eles não receberão recompensa por elas (1 Co 3:14-15).

No tribunal de Cristo, então assentado,
Por Ele, Seu plano, sobre mim, explicado,
O plano da minha vida, como fora feito,
Se tivesse sido do Seu jeito
e vejo, como o bloqueei aqui
E o entravei ali,
Não cedendo em meu querer.
Poderá, no olhar do Salvador, tristeza ter,
Embora ainda me ame e se possa ver?
Queria-me rico, mas eis-me pobre,
Despojado de tudo, exceto Sua graça nobre,
Minha memória foge-me qual caça a seguir
Por caminhos que não posso mais ir.
Senhor, os anos que ainda tenho,
Eu, em Tuas mãos, empenho.
Toma-me, quebranta-me, amolda-me,
Segundo o plano com que Tu modelas-te-me.



[1] N. do T.: As palavras gregas “krisis” e “krima” são indistintamente traduzidas nas versões brasileiras como julgamento, juízo e condenação. Alguém estar doente não significa que vai morrer, mas está passando por uma “krisis”. Alguém ter agido contra a lei significa que será condenado por um “krima”. Daí as palavras “crise” e “crime”. “Krisis” corresponde à sessão de um julgamento. “Krima” indica o resultado do julgamento – a decisão tomada, a sentença real. João 5:11 afirma que o crente sequer entrará à “sessão de julgamento divino” (“krisis”), pois Cristo a enfrentou por nós na cruz. W. Scott disse: “O julgamento e a condenação não significam a mesma coisa: a condenação é futura e final. O julgamento a precede”. J. N. Darby afirma em nota de rodapé em Lucas 20:47 que a palavra “juízo” (ARA – “krima”) é “a sentença passada sobre a coisa acusada como culpada”.

 [2] N. do A.: Alguns podem pensar por que seria necessário manifestar as coisas que os crentes fizeram antes de terem sido salvos? Mas a Escritura mostra claramente que se trata das ações que “tiver feito por meio do corpo”, e não das ações praticadas após a conversão (2 Co 5:10). Todos estávamos no “corpo” antes de sermos convertidos. Nessa ocasião os santos estarão glorificados e não serão contaminados quando tais coisas forem reveladas. Uma das razões pelas quais o Senhor nos irá mostrar tudo o que aconteceu em nossa vida, tanto antes como depois da conversão, é para nos mostrar quão grande era nossa dívida. Isso magnificará Sua graça que nos foi de encontro a todas as nossas necessidades. Além disso, a fim de demonstrar a nós a razão de Ele ter permitido provas e dificuldades em nossa vida, será necessário voltar e repassar nossos dias antes da conversão para nos dar uma imagem clara do que realmente éramos e o que Ele estava realizando em nós. Algumas das disciplinas pelas quais passamos como Cristãos são o resultado da forma como Deus nos tratou para nos livrar dessas características que carregávamos desde os dias da incredulidade. Em meio ao registro das falhas do crente (e certamente todos falhamos), Ele encontrará motivos para recompensar o Seu povo pelas coisas que fizeram por causa do Seu nome. Pensar que Ele encontrará motivo para recompensar os Seus santos fará com que o coração deles seja vencido com a percepção do Seu amor e graça, de uma maneira que não poderia ser atingido se tudo não fosse revelado. Isso resultará nas mais altas e vibrantes notas de louvor “aqu’Ele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1:5-6).

   [3] N. do A.: Exposition of Revelation”, W. Scott, pág. 381; “Sun of Righteousness”, E. Dennett, pág. 37; “Scripture Truth”, vol. 1, pág. 318; “Bible Treasury”, vol. 1, pág. 243; “Collected Writings of J. N. Darby”, vol. 13, pág. 359; “Luke”, F. B. Hole, pág. 162)

Um comentário:

  1. Nao concordo com essa argumentaçao porque, " NO CORPO", nos estamos tanto antes quanto depois de convertidos. Estamos salvos, mas, ainda estamos na carne e somos pecadores. A diferença e que depois de salvos temos o pecado debaixo de " redea curta".Entendo que esse Tribunal valera para as obras apos nossa conversao. Ate porque, a Biblia diz que os tempos de Ignorancia nao sao levados em conta.Por favor me expliquem melhor essa questao. Grato

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