quarta-feira, 27 de junho de 2018

12) Isaías 9:8-12:6


Devemos ter em mente que as divisões dos capítulos e versículos de nossas Bíblias, não são divinamente inspiradas como o são as Escrituras. Homens as colocaram nos textos para facilitar as referências e elas de fato servem de ajuda. Mas infelizmente, neste caso, foram mal colocadas. O capítulo 9 estaria melhor se iniciado no versículo 8, pois os 7 primeiros versículos pertencem ao assunto dos capítulos 7 e 8.
Então esta profecia começa no versículo 8, com Isaías anunciando o descontentamento de Deus com Seu povo tão falho. Ainda que Isaías estivesse pregando essas coisas para o povo de seus dias, tudo isso tem aplicação quanto à condição moral dos judeus na terra de Israel em seus últimos dias, sob o anticristo (o rei voluntarioso – Dn 11:36-37). A triste condição do povo e sua injustiça fazem com que Jeová coloque Sua mão contra eles na forma de vários castigos. Isaías suplicava ao povo naquele dia, advertindo-os de que se não se convertessem de seus caminhos, o Senhor traria seus inimigos sobre eles, como uma punição ainda mais severa do que nunca. Da mesma forma, na grande tribulação, o piedoso remanescente de judeus pregará e suplicará a seus irmãos (apóstatas) que se convertam de suas iniquidades. Eles irão adverti-los acerca do juízo vindouro. Descrevendo a longânime misericórdia do Senhor, Isaías diz, “ainda está estendida a Sua mão”, quatro vezes (Is 9:8-10:4). Compare com Jó 33:14; Pv 1:24-27.
Havendo desprezado a mão do Senhor estendida para punir e a Sua voz pela profecias de Isaías, o profeta descreve o julgamento que viria sobre eles, uma vez que haviam se recusado a arrepender-se. O Senhor usaria a Assíria como Sua “vara”. Ele enviaria o exército assírio contra o povo, como Seu instrumento de destruição, por sua hipocrisia e iniquidade. Esse exército poria o povo, de maneira sem misericórdia, para ser “pisado aos pés, como a lama das ruas” (Is 10:5-6). Outras nações vizinhas à nação de Israel também cairiam como presas durante as invasões assírias (Is 10:7). Essa terrível invasão aconteceu na história de Israel sob Senaqueribe, mas ela será cumprida num grau muito maior num dia futuro, quando os assírios (o rei do norte e sua confederação árabe) entrarem na terra de Israel e a assolarem.
O profeta descreve a seguir, de uma maneira poética, as arrogantes deliberações do coração dos assírios. As conquistas assírias são repetidas na ordem em que aconteceram. Carquêmis, Hamate, Damasco, Samaria e finalmente, Jerusalém são mencionadas como o itinerário assírio. O Espírito de Deus tem a intenção de nos informar que as invasões assírias aconteceram do norte para o sul. Tudo isso prefigura de maneira acurada o dia futuro da invasão da terra de Israel pelo rei do norte e sua confederação árabe (Is 10:8-11).
Após o Senhor haver usado os assírios para cumprir a obra de julgar Seu povo apóstata (os judeus incrédulos que retornaram a terra na primeira parte da tribulação), Ele julgará então a Assíria, por causa de seu orgulho. Atribuindo a si mesmos as conquistas vitoriosas na terra de Israel, os exércitos assírios se vangloriaram dos “tesouros” que haviam reunido do despojo dos judeus. Essas riquezas estão sendo acumuladas para si pelos judeus pelo seu sucesso comercial, enquanto dispersos, e que terão sido trazidas de volta à sua terra (Is 2:7, 17:14; Sl 73:7-12). Os assírios gabam-se da facilidade com que juntaram para si tudo isso, e comparam a situação com ajuntar ovos de ninhos abandonados (Is 10:12-14).
Assim, em Isaías 10:5-14 há referência ao primeiro ataque dos assírios na profecia (o rei do norte), ainda que grande parte disso tenha se cumprido de imediato na história dos assírios. Isto, de maneira profética, corresponde ao ponto nº 2 do sumário.
O Senhor responde à soberba dos assírios, questionando quem é maior: o instrumento que causa destruição, ou O que opera o instrumento? Ele fala, de maneira figurada a respeito dos assírios, como sendo iguais a quatro tipos de instrumento em Suas mãos (um machado, uma serra, um bordão e uma vara). Nenhum destes têm poder sobre si mesmos e nada poderiam fazer a menos que alguém os movesse (Is 10:15).
O profeta prossegue para narrar como os assírios seriam julgados. O próprio Senhor, “a Luz de Israel”, interviria pessoalmente sobre os desígnios da Assíria como uma “labareda” de fogo (um símbolo de juízo), para consumi-los (Is 15:17). A repentina destruição dos exércitos da Assíria é comparada a um enorme incêndio na floresta que se espalha rapidamente e consome milhares de árvores. Árvores, na Escritura, são frequentemente comparadas a homens (Am 2:9; Mc 8:24; Lc 3:9, 6:43-45; Sl 1:3, 92:12-14; Is 2:11-14, 65:22; Dn 4:20-22). Portanto, uma floresta é a representação de uma grande multidão, ou um exército de homens. Os “gordos” (árvores frondosas) são uma referência aos guerreiros assírios mais robustos. Eles também cairiam “como quando um doente vai definhando” (Is 10:16-19 – TB).
Esse juízo do Senhor sobre a Assíria acontecerá, na profecia, logo após a Aparição do Senhor em Sua segunda vinda. Aprendemos em outros trechos que o Senhor primeiro julgará os poderes ocidentais – a besta. Isaías não fala a respeito da destruição dos poderes ocidentais por não ser este o assunto aqui. Os assírios (o rei do norte) terão prosseguido pelo Egito, continuando sua conquista lá. Estando no Egito, ouvirá as notícias de que o Senhor apareceu na terra de Israel e então voltará àquela terra para ser julgado pessoalmente pelo Senhor (Dn 8:25, 11:42-45). Entretanto, os detalhes acerca da bravura dos assírios no Egito também não são tratados aqui, pois o assunto dessa profecia de Isaías são os castigos do Senhor para com Seu próprio povo (os judeus) que se havia afastado d’Ele. O julgamento da Assíria é simplesmente comentado, sem uma referência de como ele aconteceria. Isaías simplesmente indica que isso será após os assírios terem cumprido a obra do Senhor assolando a terra de Israel. Este seria o ponto nº 5 do sumário.
Após julgar a Assíria, o Senhor irá encarregar-Se de restaurar Seu povo. O remanescente fiel dentre os judeus, que fugiram para as montanhas em busca de segurança da perseguição causada pelo anticristo (Mt 24:15-22), será libertado nesse momento. Mas, mais do que isso, o Senhor executará a restauração do “remanescente de Israel” (as dez tribos). Ele os fará retornar a sua terra nessa ocasião, enviando Seus anjos para reunir Seus eleitos desde os quatro ventos (Mt 24:31). Vemos em outras passagens que uma multidão virá misturada com eles, e aqueles que não forem verdadeiros em seu coração serão peneirados nas fronteiras da terra (Ez 11:9-10, 20:35-38; Am 9:9-10; Sf 3:11-12). Não apenas retornarão de todas as partes do mundo à terra de Israel, mas retornarão ao “Deus Poderoso” (Is 10.21 – TB). Isso significa que sua restauração não será um fato meramente exterior ao retornarem à sua terra, mas haverá também uma obra interior de arrependimento no coração e consciência deles, por meio da qual serão restaurados ao Senhor. A partir daí eles “se estribarão (confiarão ou crerão) sobre o Senhor, o Santo de Israel, em verdade” (Is 10:20-21). Este é o intervalo entre os pontos nº 5 e nº 6 do sumário.
O Senhor então conforta Seu povo em vista de tudo o que irá acontecer. Ele diz a eles que ainda que uma “consumação” esteja determinada sobre a terra como um justo juízo de Deus, um remanescente sobreviverá e será restaurado ao Senhor (Is 10:22-23 – TB). (A “consumação” é um termo técnico para o juízo executado pelos assírios enquanto passam varrendo terra de Israel em direção ao Egito – Is 28:11)
Depois de um remanescente de todas as doze tribos de Israel ser restaurado ao Senhor, e estar habitando em sua terra sob Sua proteção (Is 27:2-5, 32:17-18; Ez 38:11), eles ficarão aterrorizados diante das notícias da aproximação de um segundo ataque dos assírios. A confederação de nações que irá compor a Assíria nesta formação final é feita por Gogue e seus aliados (Ez 38:1-7, 17). O Senhor conforta Seu povo restaurado, prometendo a eles que ainda que os assírios tenham afligido a nação com um “bordão” (uma referência ao primeiro ataque – Is 10:5-6), e agora estejam novamente levantando Sua “vara” contra eles; dessa vez não terão sucesso (Na 1:9-13; Sl 46:4-7; Zc 9:8). O Senhor garante que “a indignação” cessaria, quando Ele mesmo julgasse a Assíria completamente e para sempre. “Ele mesmo vos consumirá de todo” (Na 1:9). Ele relembra a Seu povo o que Ele fizera há muito tempo no massacre dos Midianitas e na destruição do Faraó e seus exércitos (Jz 7; Êx 14). Em cada caso o Senhor tratou em juízo com seus inimigos e a eles foi dito apenas “estai quietos e vede o livramento do Senhor” (Êx 14:13; Jz 7:21). O Senhor promete que novamente esse seria o caso. O “jugo” da Assíria seria tirado de seu pescoço e despedaçado por causa do “ungido”, que é uma referência ao Senhor, agora reinando no meio de Seu povo restaurado (Is 10:24-27).
O profeta então descreve o avanço dos assírios (o segundo ataque). Isso já se cumpriu no tempo de Senaqueribe, mas é dado pelo Espírito como uma antevisão do ataque final da Assíria sob o comando de Gogue. Isaías descreve vividamente os exércitos da Assíria se aproximando de Jerusalém, passando de cidade a cidade, numa linguagem que intenciona aumentar o suspense. “Aiate” (Ai) encontra-se a 16 km ao norte de Jerusalém, “Migrom” está a 15 km ao norte, “Micmas” a 14 km, “o desfiladeiro” (o ribeiro de Querite – ARA) está a 11 km ao norte, “Geba” a 9½ km ao norte, “Ramá” a 8 km, “Gibeá” a 5½ km, “Galim” e “Anatote” estão a 4½ km ao norte, “Madmena” e “Gebim” estão a 3 km, e “Nobe” está a 1½ km ao norte de Jerusalém. Quando a Assíria estiver perto de levantar sua mão contra “a filha de Sião, o outeiro de Jerusalém” para tomá-la, o Senhor, que estará habitando ali nessa ocasião (Sl 46:5; Zc 9:8), bramará de Sua amada cidade e destruirá os assírios (Jl 3:16).
A destruição final dos assírios é representada na figura de uma floresta sendo devastada (Is 10:33-34). Isto fará cessar a “indignação”. Se os assírios chegarão realmente tão próximos a Jerusalém não é alvo de detalhada descrição de Isaías. Ele simplesmente indica que haverá outro ataque, ainda mais aterrador, da Assíria contra Israel, após haverem sido restaurados ao Senhor, mas que não será bem-sucedido (Ez 38:15-17). Isto corresponde ao ponto nº 6 do sumário.
Após os assírios haverem sido julgados pelo Senhor, o Espírito de Deus muda o foco da nossa atenção para o capítulo 11, para as bênçãos que o Senhor trará sobre a Terra quando Ele houver derrotado todos os poderes adversários. Embora o julgamento no capítulo anterior pudesse dar indícios de seu cumprimento parcial nos dias de Ezequias (2 Rs 19:32-35), não existe nenhum rei que se tenha levantado na história de Israel, que se aproxime da predição que nos é dada no capítulo 11. Isso mostra que o Espírito tinha mais do que Senaqueribe em mente quando falava das invasões dos assírios.
O capítulo 11 refere-se somente ao reinado do Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Rei de Israel (Jo 1:49). A figura de uma árvore é novamente utilizada, mas aqui com Cristo em claro contraste com as imponentes árvores da Assíria. Ele é o “Renovo” (o Nazareno) que crescerá das raízes (linhagem familiar) de Jessé, e que será frutífero, trazendo bênçãos à Israel e à Terra. Ele é o maior Filho do grande Davi – o Senhor Jesus Cristo (Ap 5:5, 22:16). Várias qualidades do Senhor Jesus são enumeradas mostrando que Ele é completamente competente para reinar como o Rei de Deus (Is 11:1-5). Toda glória terrenal estará centrada n’Ele e Ele julgará o mundo em justiça por 1.000 anos (Sl 9:8, 96:13, 98:9; At 17:31).
Não apenas a justiça reinará no reino de Cristo (Is 32:1), mas Ele também trará libertação do “cativeiro da corrupção” (Rm 8:21 – ARA) sob o qual a criação agora geme e sente as dores de parto, e que são resultado da entrada do pecado (Rm 5:12, 8:22). O “lobo” habitando com o “cordeiro” e o “leopardo” repousando com a “criança” indicam que os instintos selvagens e assassinos dos animais serão alterados (Is 11:6, 65:25). O “leão” comendo palha como o “boi” mostra que a dieta dos animais carnívoros também sofrerá alteração. Enfermidades e doenças também serão tiradas (Is 33:24; Sl 103:3). O coxo, o cego, o surdo e o mudo serão curados (Is 35:5-6; Sl 146:8). Além do mais, paz e segurança encherão a Terra. Naquele dia toda a Terra estará cheia do “conhecimento do Senhor” (Is 11:6-9).
Os versículos seguintes mostram como a Terra se encherá do conhecimento do Senhor. No Cristianismo, a maneira de Deus de difundir o conhecimento de Cristo e Sua obra consumada na cruz, é por seus servos indo por todo o mundo pregando o evangelho (Mc 16:15; Lc 24:47). No dia do reino milenar de Cristo, o mundo aprenderá do conhecimento do Senhor subindo à Jerusalém (Is 2:2-3), pois Seu reino não será exclusivamente para Israel; os gentios também terão parte nele (Is 56:7, 60:1-4). Israel, como “os sacerdotes do Senhor”, ensinarão a Terra acerca dos caminhos do Senhor (Is 61:6; Sl 34:11-18). Conforme o reino de Cristo está sendo estabelecido na Terra, aparentemente haverá ainda alguns poucos israelitas que não voltaram para sua terra. Por alguma razão eles não retornaram mais cedo, quando o Senhor reunir o “remanescente de Israel” (Is 10:12-13). O Senhor “tornará a estender a Sua mão para adquirir outra vez os resíduos do Seu povo” (Is 11:10-13, 27:12-13). Quaisquer que restarem serão reunidos nesse momento.
A profunda obra moral de restauração ao Senhor realizada no coração e consciência deles ficará evidente no comportamento das dez tribos (chamadas “Efraim”) e das duas tribos (chamadas “Judá” que são os judeus). Haverá unidade e harmonia entre eles (Jr 3:18; Ez 37:16-17, 22; Os 1:11; Sl 133:1). A raiz de inveja existente desde os dias de Roboão e Jeroboão será desfeita (Compare com Is 9:21). Após isso, o Senhor liderará os exércitos do Israel restaurado para tomarem posse da total extensão de sua herança prometida, desde o ribeiro do Egito, até o rio Eufrates (Gn 15:15-18; Sl 108:7-13, 144:1; Ez 25:14; Mq 4:13, 5:5-8; Jr 51:20-23). Nessa ocasião, quaisquer inimigos restantes serão subjugados e feitos tributários. Edom e os Filisteus serão aniquilados da face da Terra (Ez 25:14; Ob 18; Nm 24:18-19; Sf 2:5; Am 1:8). Contudo, um remanescente de Moabe e Amom permanecerá no território da herança de Israel como tributários (Jr 48:47, 49:6; 2 Sm 8:2). Este é o ponto nº 7 do sumário (Is 11:13-14).
O capítulo 12 fornece uma conclusão adequada à libertação de Israel de todos os inimigos. Ele retrata o louvor deles para o Senhor no dia do Milênio. Eles de livre vontade justificam Seus tratos com eles quando o Senhor os afligiu em Sua ira (uma referência às punições trazidas pelo Senhor, que culminaram com Ele usando a Assíria como Sua “vara” – Is 9:8-10:5) Isso é um sinal da autenticidade de seu arrependimento e restauração. Naquele dia cantarão ao Senhor como sendo sua força, seu cântico e sua salvação. Todo o período em que eles seguiram ídolos e seus pecados, não é registrado como sendo um tempo em que eles tivessem felicidade ou gozo, mas agora que foram restaurados ao Senhor, o profeta fala do gozo deles. “Portanto com gozo tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:3 – TB). O gozo de Israel no Senhor transbordará para todas as nações gentias da Terra (“entre os povos” Is 12:4). Eles encorajarão “toda a Terra” para juntar-se a eles em seu canto de louvor ao Senhor. Esta é mais uma indicação da genuína restauração de Israel ao Senhor. Eles não mais sofrerão de preconceito junto às nações (compare com Jn 4:9). Tendo o “Santo de Israel” em seu meio, preenchendo e satisfazendo seu coração, eles não mais invejarão as nações (Is 12:1-6).

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