quarta-feira, 27 de junho de 2018

15) Ester 1-10

Quando Deus removeu Sua sede de governo na Terra das mãos de Israel, Ele a deu nas mãos dos gentios. Este período de autoridade gentia é chamado “os tempos dos gentios” (Luc 21:24). Daí em diante, os vários monarcas gentios que governaram durante esse tempo foram indiretamente uma extensão da autoridade de Deus na Terra. No livro de Ester, o rei Assuero governou naquela posição de autoridade sobre o mundo conhecido daquele tempo, “desde a Índia até a Etiópia” (cap. 1:1). Ele é uma figura de Deus o Qual governa sobre todo o mundo por trás dos bastidores (Dn 4:17).
O primeiro capítulo de Ester nos fala que o rei Assuero fez uma festa “a todos” desde “o maior até ao menor” (cap. 1:1-5). Esta é uma figura da grande festa que Deus fez para toda a humanidade pelo evangelho da Sua graça (Lc 14:16). O propósito da festa de Assuero foi para mostrar “as riquezas da glória do seu reino” e “o esplendor da sua excelente grandeza”. O evangelho também anuncia a glória de Deus e “as riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2:7). Exatamente como a festa de Assuero durou “muitos dias” Deus, em Seu longânime amor e misericórdia, também estendeu o convite para Sua festa por muitos dias – aproximadamente 2.000 anos. Os convidados que aceitaram o convite do rei Assuero, vieram e foram chamados “príncipes e... maiores senhores”. Do mesmo modo, aqueles que aceitam o convite de Deus à festa de Seu evangelho são igualmente feitos “reis e sacerdotes” (Ap 1:6).
Na festa, o rei proveu “leitos que eram de ouro e de prata” para que os hóspedes repousassem (cap. 1:6-8). Prata e ouro na Escritura são símbolos da redenção e justiça divina. Essas duas coisas dão ao crente um lugar de descanso quanto à salvação e consequentemente, ele tem paz com Deus e descanso em sua alma (Mt 11:28). Havia também belos “pendentes” coloridos na festa para os convidados desfrutarem. Sendo suspensos acima por “anéis de prata,” estes pendentes são uma figura das bênçãos celestiais dos Cristãos que são suas por meio da redenção (Ef 1:3). Além do mais, o rei serviu aos hóspedes “muito vinho real”. Isso fala do gozo que Deus dá àqueles que recebem e creem no evangelho de Sua graça (Jz 9:13; Sl 104:15).
A gentia rainha Vasti, que tinha um lugar muito privilegiado no reino sendo associada com o rei publicamente, foi também convidada para a festa. Seu dever era contribuir com a glória do rei ao mostrar ao povo a sua beleza. Mas quando foi chamada, se “recusou” a vir porque seu coração se elevou em orgulho e rebelião (cap. 1:9-12, compare Ap 18:7). Ela gostava da posição que tinha de estar publicamente associada com o rei, mas não se identificava com a festa dele. Vasti é uma figura da Igreja professa que tem sido exteriormente identificada com Deus diante do mundo, mas não tem fé verdadeira. A Cristandade apóstata teve a maior oportunidade de receber a salvação e a bênção que está sendo oferecida no evangelho, mas como Vasti, isso não serviu para ela.
No último dia da festa (cap. 1:5, 10) a rebelião de Vasti veio à tona e devido à sua desobediência e falha em se mostrar de um modo que glorificasse o rei, ela foi deposta de seu lugar como rainha (cap. 1:13-22). Isso é uma prefiguração do que acontecerá para a Cristandade professante apóstata no fim do dia da graça. A rebelião e desobediência da Cristandade subiu a um nível tal que Deus não irá mais tolerá-la. Quando o Senhor vier (o Arrebatamento), Ele irá também rejeitar publicamente a Cristandade professante apóstata ao deixar para trás todos os meros professos. Ele irá “vomitá-la” de Sua boca (Ap 3:16). A Cristandade, como Vasti, será “cortada” e deixada de lado nos tratos de Deus (Rm 11:17-22). Assim como Vasti experimentou o “furor do rei Assuero” (cap. 2:1), a Cristandade será julgada por Deus naquela ocasião – e isso por conta de sua falha em glorificar a Deus na Terra.
O exercício no capítulo 2 é o de trazer uma substituta para Vasti. No processo de encontrar alguém para substitui-la, Ester entra em cena (cap. 2:1-7). Ela é uma figura do remanescente judeu piedoso. Romanos 11 indica que quando a Cristandade gentia for rejeitada e colocada de lado por sua infidelidade, Deus irá retornar Seus tratos com um remanescente de Israel e conduzi-los à bênção. Sendo órfã, Ester não tinha apoio no mundo e isso descreve apropriadamente o caráter desamparado do piedoso remanescente de judeus na tribulação vindoura.
Eles estarão totalmente dependentes de Deus. Embora Ester fosse órfã ela foi tomada como filha e cuidada por Mardoqueu seu primo. Ele é uma figura de Cristo que providencialmente cuidará do remanescente judeu.
Antes que Ester pudesse ser trazida em relacionamento com o rei, ela tinha que passar por purificação (cap. 2:8-14). Isso fala dos resultados dos exercícios que o remanescente judeu irá passar durante a grande tribulação. Durante aquele tempo, eles serão purificados e preparados para seu Rei (Dn 2:10; Ml 3:2-4; Zc 13:9). Durante o período de purificação de Ester, Mardoqueu teve grande interesse no bem-estar dela (cap. 2:11). Embora ele não pudesse se comunicar abertamente com ela, porque o tempo de purificação dela ainda não estava completo, ele passava todo dia pelo lugar onde ela estava para saber como ela estava. Do mesmo modo, durante a grande tribulação, Cristo não irá Se comunicar diretamente com o remanescente judeu, mas irá observar o progresso deles, com intenso interesse. Ele fará isso, por assim dizer, à distância (Is 8:17, 18:4, 54:8; Ct 5:6; Gn 42:7, 23-24, 4:30). Ele irá fazer isto até que a obra de arrependimento e purificação esteja completa no remanescente, quando, então, Ele irá Se revelar a ele.
O incidente no fim do capítulo 2, com Mardoqueu cuidando do bem-estar do rei (quando Bigtã e Teres se insurgiram contra o rei), ilustra como Cristo Se importa com glória de Deus e irá trabalhar por ela nos bastidores (cap. 2:21-23).
No capítulo 3 vemos o rei Assuero promovendo Hamã, o agagita no reino e dando-lhe um lugar acima de todos os príncipes. Hamã “o inimigo dos judeus” é uma figura do anticristo. Sua promoção no reino indica o tempo quando Deus permitirá o anticristo subir a uma posição de proeminência e poder na Terra – particularmente na terra de Israel. Hamã usou sua posição de poder para sua própria exaltação e exigiu que todos se inclinassem diante dele em reverência. E o anticristo (“o homem de pecado”) irá fazer o mesmo, demandando que adorem a ele mesmo (2 Ts 2:3-4).
Mardoqueu se recusou a inclinar-se a Hamã (cap. 3:2). Isso induziu o ódio de Hamã e o anticristo (que Hamã prefigura) irá tentar apagar o nome de Jesus Cristo da Terra. Ele também “procurou destruir a todos os judeus que havia em todo o reino” (cap. 3:5-15). Isso é uma indicação da terrível perseguição que o anticristo irá causar na grande tribulação, na sua tentativa de exterminar os judeus tementes a Deus. Hamã tinha dez filhos que aparentemente lhe ajudaram em sua causa (caps. 5:11, 14, 9:7-10). Eles talvez possam ser uma figura da confederação das dez nações da Europa ocidental chamada “a besta”, que irá ajudar o anticristo a impor a grande perseguição contra o remanescente piedoso. O rei deu a Hamã seu “anel”, autorizando o perverso plano (cap. 3:10). Isso fala de Deus permitindo o anticristo ter seu curso em perseguir o remanescente piedoso por um tempo. Ele permite isso para testar a sinceridade deles e aprofundar Sua obra neles.
Por causa dos perversos desígnios de Hamã, a vida dos judeus estava em grande risco. Isso causou muito choro e lamento em todas as províncias (cap. 4:1-3). Isso é uma figura da tristeza e profundos exercícios de alma que o remanescente judeu irá passar na grande tribulação. Mardoqueu também vestiu-se de um pano de saco com cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor”. Isto ilustra os sentimentos de Cristo. Ele irá sentir com profunda compaixão tudo o que o remanescente irá passar no tempo de suas dificuldades. O livro dos Salmos particularmente ilustra os sofrimentos de empatia de Cristo com o remanescente.
Por conhecer a terrível condição de seu povo, Ester foi informada que deveria ir ter com o rei, e lhe pedisse, e suplicasse na sua presença pelo seu povo” (cap. 4:4-9). Mas isso era algo que ela não tinha feito antes e estava com medo de fazê-lo, porque ninguém podia se achegar à presença do rei por si mesmo sem ser morto. Isto fala do fato que as pessoas não podem chegar a Deus em seus próprios meios e termos. Entretanto, a lei era tal que se o rei levantasse “o cetro de ouro” a uma pessoa, o que representa graça divina, ela viveria e não morreria. Graça habilitou o homem a se aproximar de Deus (cap. 4:10-11).
Mardoqueu, ainda falando a Ester à distância (por meio de Hataque), pressionou-a que se aproximasse do rei, mesmo que isto significasse arriscar sua vida; pois este era o único meio de libertação de seu povo (cap. 4:12-14). Assim, depois de muita oração e jejum, Ester resolveu ir ao rei (Ester 4:15-17). Do mesmo modo, o remanescente, depois de muito exercício de alma, se aproximará de Deus.
Quando Ester aproximou-se do rei depois de não ter estado em sua presença por muito tempo, ela alcançou graça aos seus olhos e o cetro de ouro foi apontado para ela (Ester 5:1-2). Do mesmo modo, o quebrantado e aflito remanescente irá se aproximar de Deus em oração e súplicas e irá obter graça no tempo de sua grande provação. É notável que foi no “terceiro dia” que Ester se aproximou do rei. Na Escritura o número três nos fala de ressurreição (Jn 1:17, 2:10; Mt 12:40; Hb 11:19). Isso aponta para a ressurreição nacional de Israel (Dn 12:1-2), quando Deus virá para o remanescente judeu piedoso, trazendo libertação a eles e ao remanescente da nação de Israel (Compare Os 6:2).
Vindo à presença do rei, Ester não derramou imediatamente as profundezas de seu coração a ele. Ao invés disto ela solicitou que um banquete fosse feito para o rei e Hamã, em cuja ocasião, pensou em fazer sua real solicitação conhecida. Mas quando chegou o tempo, ela adiou sua solicitação ao rei até o dia seguinte (cap. 5:3-14). Isso ilustra como o remanescente irá, a princípio, carecer de confiança para abrir seu coração para Deus, mas finalmente, por causa da necessidade, fará assim (Compare Sl 25, 32, 41, 51 – os Salmos Penitenciais. Note a progressão do aprofundamento de seus exercícios de alma).
Na mesma noite que Hamã estava planejando matar Mardoqueu, o rei não conseguiu dormir. E similarmente, Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel” (Sl 121:4). Isso será especialmente assim durante aquele tempo quando o anticristo tentar eliminar o nome de Cristo da Terra. A noite passa com uma singular mudança de eventos para os judeus. O rei vê que é justo exaltar publicamente Mardoqueu e apresentá-lo em “vestido real” e com a “coroa real” diante de todo o povo! Quando o dia chegou, o menosprezado Mardoqueu, foi anunciado pelas ruas da cidade com glória, dignidade e honra para todos verem (cap. 6:1-11). Isto é uma figura da Aparição de Cristo (a segunda vinda), quando Ele virá para a Terra com poder e glória; e “todo olho O verá” (Ap 1:7).
Quando Ester viu que a providência divina estava trabalhando para bem e para a bênção dos judeus e que o rei tinha exaltado a Mardoqueu diante do povo, ousou vir imediatamente à presença do rei no banquete e derramou seu coração. Do mesmo modo, quando o remanescente judeu piedoso vir a Cristo ornado em glória, eles irão imediatamente derramar seu coração (Zc 12:10-14). Ester acusou Hamã de sua perversidade e suplicou ao rei pela destruição de Hamã. O rei aceitou seu pedido e Hamã foi enforcado em sua própria forca! (cap. 7:1-10) Isso corresponde ao tempo quando Deus responderá ao clamor do remanescente e julga o anticristo o júbilo dos ímpios é breve (Jó 20:5). Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás” (Is 54:17 – ARA).
Maravilhamo-nos de quão precisa é a ordem dessas figuras! Mardoqueu é exaltado e apresentado diante do povo em vestes reais (cap. 6) e então Hamã é enforcado (cap. 7). Nas profecias vemos a mesma ordem. Imediatamente após Cristo aparecer em glória, o anticristo (com a besta) serão removidos em julgamento e lançados no lado de fogo (Ap 19:11).
Depois de Hamã ser executado, Ester faz conhecido ao rei Assuero o parentesco dela com Mardoqueu. Do mesmo modo, após Cristo ter retornado e o anticristo julgado, o remanescente judeu piedoso alegremente confessará que eles pertencem a Ele. Ó Senhor Deus nosso, outros senhores têm tido domínio sobre nós; mas, por Ti só, nos lembramos do Teu nome” (Is 26:13; Jo 20:28). Depois a casa de Hamã (sua propriedade) é dada a Ester e ela, com satisfação, transfere tudo a Mardoqueu (cap. 8:1-2). Isto é uma figura dos judeus naquele dia dando a Cristo, com satisfação, o justo lugar que Lhe pertence. O Teu povo se apresentará voluntariamente no dia do Teu poder” (Sl 110:3).
Então nos é dito: “E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu” (cap. 8:2). Isso fala de Deus dando a Cristo o lugar de governo e autoridade na Terra que o anticristo falsamente tinha possuído (Compare com Is 22:15-25).
Depois, em resposta ao clamor de Ester, Mardoqueu, pela autoridade do rei, liberta os judeus do terrível edito que estava sobre eles. Escreveu cartas declarando a liberdade deles e as publicou em todas as províncias. Os judeus estavam livres! (cap. 8:3-14) Isso prefigura o livramento que Cristo irá efetuar para o remanescente judeu.
Então, Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branca, como também com uma grande coroa de ouro e com uma capa de linho fino e púrpura” (caps. 8:15, 9:3-4, 10:3). Isso é uma figura de Cristo em Seu oficial reino de glória. Para os judeus, consequentemente, houve “alegria, e gozo, e honra” (cap. 8:16) e isso, certamente, se refere ao gozo do remanescente naquele dia de sua libertação (Is 25-26).
O temor de Mardoqueu e dos judeus veio sobre todos, e “muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus” (caps. 8:17, 9:3). No Milênio (os 1.000 anos do reino de Cristo) “muitas nações se ajuntarão ao Senhor” (Zc 2:11, 8:23). “Os povos (os gentios) de coração voluntário se uniram ao povo de Abraão” (Sl 47:9 – conforme nota “f” na tradução JND).
Se isso não fosse suficiente, “a palavra do rei e sua ordem” deu autoridade aos judeus que “se assenhorearam” (cap. 9:1-4) sobre seus inimigos (gentios). Isto é uma figura de Israel sendo colocado no lugar de “cabeça” das nações, que é o propósito original de Deus para eles (Dt 28:13, Sl 18:43).
Os judeus também “feriram... a todos os seus inimigos, a golpes de espada” (cap. 9:5-19). No dia vindouro Israel exercerá juízo sobre as nações vizinhas à sua terra (Sl 47:3, 118:10-12; Is 11:14; Jr 51:20-23; Mq 4:13, 5:5-6, 8; Zc 12:6; Ml 4:3).
Depois disso, Mardoqueu instituiu a “festa” (chamada “Purim”) em que “os judeus tiveram repouso” em todas as províncias do reino (cap. 9:20-32). Eles davam presentes uns aos outros e tinham grande alegria, banquetes e júbilo. Isto fala do repouso milenar que irá permear a Terra naquele dia.
O rei Assuero então ordenou um “tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar” (cap. 10:1). Naquele dia vindouro, quando todas as nações se submeterem a Israel, serão colocados sob tributo. Israel “mamará” “as riquezas das nações” (Is 60:5-6, 16, 61:6; Sl 72:10).
Depois disso, o rei fez uma “declaração da grandeza de Mardoqueu” (cap. 10:2). Isso se refere ao tempo em que a glória de Cristo será espalhada pela Terra. “Este será grande” (Lc 1:32; Nm 14:21; Ez 43:2).
Daí em diante Mardoqueu foi “o segundo depois do rei” e na sua ocupação estava “procurando o bem-estar do seu povo, e falando de paz para toda a sua semente” (cap. 10:3 – JND) No mundo vindouro, Cristo irá ter o mais elevado lugar no reino e devotará Suas energias para a benção de Seu povo terrenal, Israel, e haverá paz mundial.
O ponto que queremos enfatizar neste livro de Ester é que as coisas mudaram para os judeus quando Ester se colocou diante do rei ao “terceiro dia” (cap. 5:1).
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Estas encorajantes indicações da proximidade da vinda do Senhor devem nos levar a uma feliz expectativa do Seu retorno a qualquer momento. “Pois ainda em bem pouco tempo aqu’Ele que há de vir, virá, e não tardará”. “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Hb 10:37 – TB; Ap 22:20).

  • O mundo diz: “Onde está a promessa da Sua vinda?” (2 Pe 3:4)
  • A Cristandade diz: “O meu Senhor tarda em vir” (Lc 12:45)
  • O crente que está vigiando e esperando diz; “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20)
Ele e eu, em glória radiante,
Profundo júbilo desfrutar,
O meu, com Ele doravante
E o d'Ele, ter-me em seu lar.

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