quarta-feira, 27 de junho de 2018

17) Salmos 79–87


Salmo 79 apresenta os efeitos das invasões dos exércitos do rei do norte num dia vindouro, expressos pelos lamentos do remanescente judeu piedoso. Esses exércitos passarão pela terra de Israel destruindo tanto a cidade de Jerusalém quanto o templo (Dn 11:40-42). O remanescente judeu crente clamará a Deus quando vir a terra de sua herança sendo assolada pelos invasores vindos do norte. Rogarão a Deus que derrame rapidamente Seu juízo sobre eles. Isso é uma referência ao tempo em que o ponto nº 2 do sumário se cumprirá.
Salmo 80 mostra que, enquanto aguarda pela intervenção de Deus, o remanescente elevará uma tríplice oração pela restauração da nação (vs. 3, 7, 19). Eles falam a Deus acerca de Israel, sob a bem conhecida figura da “vinha”, recordando-Lhe Seu maravilhoso cuidado para com eles em tempos passados (vs. 1-11). Confusos e atribulados, perguntam a Deus por que permitiu que Sua herança fosse pisoteada por um “javali” selvagem (uma referência aos exércitos de gentios impuros sob o comando do rei do norte – o primeiro ataque dos assírios) e “queimada pelo fogo” (vs. 12-16). Eles rogarão que a mão de Deus esteja sobre o Varão da Sua destra (o Messias), reconhecendo que a única esperança deles de salvação está n’Ele (vs. 17-19).
No Salmo 81, o remanescente é visto prevendo a restauração nacional de Israel. Eles anelam pelo soar da trombeta na Lua nova (a festa das trombetas – Lv 23:23-25) simbolizando a reunião nacional de Israel e sua restauração (vs. 1-5). O Senhor, buscando aprofundar Sua obra no coração deles, falará com eles e irá recordá-los que quando clamaram a Ele no passado, e Ele os libertou, logo em seguida se rebelaram (vs. 6-16). Eles não foram sinceros, e o exercício do coração deles em voltar-se para Ele não foi profundo o suficiente. Nisto, testa a sinceridade do desejo que o povo tem por Ele. O Senhor então testifica, que se provassem sua sinceridade ouvindo Sua Palavra e andando em Seus caminhos, Ele certamente os livraria de todos os seus inimigos.
Salmo 82 mostra que a presença de Deus se tornou conhecida em Israel. Isso aconteceu em razão do retorno do Senhor à Terra (Sua Aparição) em resposta ao clamor do remanescente nos salmos anteriores. Ele é visto julgando aqueles que estiveram em posição de autoridade na terra de Israel (isto é, o anticristo e seus oficiais de governo – Dn 11:39). Como o julgamento deve começar pela casa de Deus (1 Pe 4:17), aqueles que estão em posições de responsabilidade na terra são julgados primeiro (v. 7). Alguns desses líderes, aparentemente, escaparão dos exércitos do rei do norte quando estes invadirem a terra. O anticristo (e talvez alguns outros oficiais abaixo dele) fugirá no momento do ataque (Zc 11:17; Is 22:19; Jo 10:13; Jr 39:4). Entretanto, eles não escaparão do julgamento do Senhor na Sua Aparição.
O Senhor, em Seu ministério terrenal, aplicou este salmo por ocasião de Sua primeira vinda (Jo 10:34), mas não falou do julgamento associado a ele naquele tempo, pois Ele havia vindo em graça. Mas quando Ele vem pela segunda vez (a Sua Aparição), os acontecimentos deste salmo se cumprirão. Julgamento será executado sobre os judeus apóstatas em Israel, começando com os líderes responsáveis. Esse salmo, portanto, descreve o julgamento que o Senhor executará no dia em que vier para libertar o piedoso remanescente judeu. Isso acontece no ponto nº 4 do sumário.
Deve-se notar que a besta (a confederação ocidental) não é mencionada sendo julgada nesse salmo, embora o seja nessa ocasião. Isso porque as nações ocidentais não são exatamente o assunto dos Salmos: Daniel e Apocalipse têm mais a dizer sobre o Ocidente. J. N. Darby disse, “Parece-me que, pelo menos no que diz respeito aos resultados, que o anticristo se encontra fora de cena quando acontece o Salmo 83. Este salmo se cumpre após a destruição de todos os poderes da besta”[1].
Após o julgamento ser executado sobre a massa apóstata de judeus, o remanescente crente pedirá ao Senhor que julgue as nações gentias (v. 8).
Com o Senhor agora sendo visto como tendo retornado a Terra, o Salmo 83 mostra que, em resposta ao clamor do remanescente, Seus juízos não se restringirão aos líderes de Israel, mas também se estenderão às nações gentias sob a Assíria. O juízo por Ele executado sobre essas nações é devido ao profundo ódio delas pelo povo terrenal de Deus, os judeus (vs. 1-8). Este juízo está correlacionado a duas significativas vitórias na história de Israel (Baraque e Gideão – Jz 4-8), quando Deus interveio em favor deles na planície de Megido (Armagedom). Aquelas vitórias prefiguravam este julgamento (vs. 9-17). Isto corresponde ao ponto nº 5 do sumário.
Como resultado da destruição dessas nações sob a Assíria, o Nome do Senhor – “JEOVÁ” torna-se conhecido sobre a Terra (v. 18). Este é Seu nome revelado a Israel no novo concerto, e quer dizer que agora Ele restabeleceu Sua relação com eles; ou, pelo menos, com o remanescente piedoso.
O título do Salmo 84 confirma que o remanescente foi libertado, com isso se referindo aos “filhos de Coré” (Coré e seu grupo representam os judeus apóstatas, que no dia vindouro, se afastarão do Senhor. Quando Deus julgou Coré, misericordiosamente poupou seus “filhos”. Eles são uma figura do remanescente – Nm 16:1-35, 26:10-11).
O salmo prossegue, descrevendo os fiéis israelitas em sua jornada à sua terra. Quem poderiam ser esses, senão as dez tribos de Israel que, como sabemos, virão a terra após o retorno do Senhor? (Mt 24:29-31) Começará a levantar-se o desejo pelo Senhor brotando no coração deles. Como verdadeiros israelitas almejarão estar no lugar terrenal que lhes é próprio, os “átrios do Senhor”. Invejarão os pardais e andorinhas que encontraram lugar para si na casa de Jeová e desejarão estar ali também (vs. 1-4).
Anelando por Deus e por Sua habitação, Seus eleitos começarão uma jornada à sua terra prometida (vs. 5-8). O versículo 5 poderia ser mais bem traduzido como, “Felizes são os homens... cujos corações estão nas estradas para Sião” (JND). Compare também Is 11:15-16, 19:23, 35:8-10, 49:9-12. Seu caminho à terra de Israel os levará pelo “vale de Baca” (que significa “pranto”), o que indica que haverá uma obra de arrependimento no coração deles à medida que retornam (Sl 84:6; Jr 31:9, 18-21). Irão “de companhia a companhia” (Sl 84:7 – margem da KJV). Isso é uma referência aos peregrinos de Israel que irão aumentando em número à medida que encontram outros grupos de seus irmãos no caminho, até existir uma enorme multidão dirigindo-se a Sião.
O salmo termina com o desejo do povo de ver seu Messias (“Teu Ungido”), ao Qual eles reconhecem como seu “Sol e Escudo” (vs. 9-12).
No Salmo 85, as tribos de Israel são vistas trazidas de volta desde os quatro ventos e estabelecidas em sua terra prometida (Mt 24:31). Nessa ocasião o “dia da expiação” terá seu cumprimento. Seus pecados serão perdoados e a ira de Deus será afastada deles (vs. 1-3).
Este salmo mostra que haverá uma restauração adicional na alma deles após serem exteriormente libertados e trazidos de volta à sua terra, mas antes de estarem em total liberdade para desfrutar as bênçãos do reino. É algo como a “festa das trombetas” que é seguida pelo “dia da expiação” (Lv 23:23-32). A “festa das trombetas” fala do remanescente arrependido de Israel sendo restaurado à sua terra (Sl 84), mas o “dia da expiação” fala Do remanescente arrependido de Israel sendo restaurado ao Senhor (Sl 85). As duas acontecem juntas.
Em cumprimento da figura da “bezerra ruiva” (Nm 19), as tribos em retorno virão “ao terceiro dia” (Nm 19:12) em sua jornada de volta à terra (Jr 31:9, 18-21; Sl 84:6). Mas quando chegarem a terra e virem ao Senhor, entrarão no “sétimo dia”, que é quando se cumprirá o “dia da expiação” (Nm 19:19-20; Is 53; Sl 85; Zc 13:6; Lv 23:26-32).
Este salmo 85 mostra o exercício da alma dos israelitas, que os conduzirá a sua completa restauração no “dia da expiação”. O rogo contínuo deles ao Senhor para que desvie deles Sua ira, demonstra que, a princípio, não estão certos de que Sua graça está completamente sobre eles. Isso revela que ainda não estão em paz em sua alma (vs. 4-7).
Conhecendo o coração deles e vendo seu genuíno arrependimento, o Senhor porá um fim em seus temores e dúvidas. Ele lhes mostrará novamente a cruz – a obra que Ele consumou ali, fazendo expiação por eles. Ele os instruirá no verdadeiro significado da cruz, onde “misericórdia” e “verdade” se encontraram, e “justiça” e “paz” se beijaram (vs. 8-10). Israel (todas as doze tribos) sentirá grande alívio quando perceber a graça e a bondade do Senhor. Como resultado, sua confiança n’Ele estará firmemente estabelecida (vs. 12-13).
Salmo 83:18 até Salmo 85:13, correspondem ao intervalo entre os pontos nº 5 e nº 6 do sumário.
Salmo 86 mostra que, embora o remanescente de Israel (as dez tribos) tenha retornado à sua terra (Sl 84), e sido restaurado ao Senhor (Sl 85), eles ficarão angustiados mais uma vez. Isso, por conta de mais inimigos cercando sua terra. Tratam-se do “ajuntamento de homens violentos” (v. 14 – TB) – os assírios[2] (o segundo ataque sob Gogue). Essa angústia os leva a clamar ao Senhor que os preserve (vs. 1-7).
Eles demonstram confiança n’Ele agora (sendo restaurados) de que Ele Se levantará em poder e derrotará os inimigos que se juntaram contra eles. O reconhecimento que têm de Seu poder é indicado pelo fato de usarem sete vezes o nome “Senhor” (Adonai) que se refere ao exercício do Seu todo-poderoso senhorio na Terra. Anteriormente referiam-se a Ele como “SENHOR” (Jeová) (vs. 8-10).
Eles relembram a maravilhosa libertação operada pelo Senhor em seu favor, destruindo seus inimigos anteriores, e agora confiam que Ele fará o mesmo ao “ajuntamento de homens violentos” (TB) que se levantou contra eles (vs. 13-17). O caráter dessas hordas infiéis é revelado em que eles não colocaram o Senhor diante de si (v. 14).
Israel restaurado demonstra perfeita confiança no Senhor de que Ele os salvará dessa enorme confederação (vs. 15-17). Isto explica o ponto nº 6 do sumário.
No Salmo 87, todos os inimigos da Terra são vistos derrotados, e Sião (Jerusalém) estabelecida como a cidade de Deus. Estudiosos dizem que a ocasião histórica em que este salmo foi escrito, corresponde à época após a libertação de Jerusalém, quando os exércitos de Senaqueribe, rei da Assíria, foram destruídos (2 Cr 32:21-23). Se isso estiver correto, a colocação deste salmo é muito significativa, pois Senaqueribe é uma bem conhecida figura de Gogue (o segundo ataque dos assírios). No início deste Salmo é assumido que os exércitos de Gogue foram julgados e o reino de glória em Sião está manifestado (vs. 1-3).
O remanescente de Israel (as dez tribos particularmente) aprenderá acerca das várias nações que foram julgadas na terra deles antes que voltassem para ela (“Raabe” – Egito; Is 51:9; Sl 89:10; “Babilônia” – os poderes ocidentais). Eles não estavam na terra quando essas nações foram julgadas e saberão disso após seu acontecimento (v. 4).
Quando o Milênio começa, a fama do povo de Jeová se espalhará por todo o mundo (Is 61:9; Sf 3:3-19). Eles serão conhecidos entre os homens como aqueles que foram nascidos de Deus e estão conectados por graça a Sião (v. 4). O Senhor manterá um registro de cada um, entre as nações, que forem nascidos de novo. Isso é indicado pelo versículo que diz “os povos” (no plural). Nas Escrituras, quando se diz, “os povos” (no plural), é uma referência às nações; quando se diz, “o povo” (no singular), trata-se de Israel (v. 6).
O Milênio é visto como tendo começado pelo uso do nome do Senhor, “o Altíssimo”, que será Seu nome quando reinar publicamente sobre a Terra (v. 5). O versículo final indica que todo o gozo terrenal naquele dia será centralizado e terá sua origem em Sião, onde o Senhor está (v. 7; Ez 48:35).
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Neste apêndice, tratamos de mais de cem capítulos da Bíblia. Não houve nenhum que se desviasse da ordem de eventos no sumário apresentado no começo do apêndice. Fomos, portanto, supridos com uma abundância de evidências na Escritura, quanto a sua ordem sequencial.
Existem outros esboços nos profetas e nos Salmos que poderiam ser incluídos para também confirmar a ordem das batalhas na “indignação”. No entanto, acreditamos que os esboços aqui citados são suficientes.


   [1] N. do A.: J. N. Darby, Notes and Comments, vol. 3, pág. 174; A. C. Gaevelein, The Book of the Psalms, pág. 317.

   [2] N. do A.: “Creio que o homem ímpio seja o anticristo; o homem violento, os inimigos subsequentes dos judeus, os assírios” J. N. Darby “Notes and Comments”, vol. 3, pág. 264. Homens violentos (ou “tiranos”) é um título apropriado para os assírios. Eles eram particularmente conhecidos por sua violência e crueldade (Jn 3:8).

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