quarta-feira, 27 de junho de 2018

12) O Fato de que o evangelho da Graça de Deus Não Será Pregado na Tribulação Mostra que o Arrebatamento Já Terá Ocorrido

“O evangelho da graça de Deus” (At 20:24) que é pregado hoje e “o evangelho do reino” (Mt 4:23; 24:14) que será pregado durante a tribulação são inteiramente diferentes. São dois evangelhos distintos pregados para dois propósitos distintos. O evangelho da graça de Deus chama pessoas para o céu; o evangelho do reino chama pessoas para as bênçãos sobre a Terra. O evangelho pregado hoje anuncia uma esperança, chamado e destino celestiais para aqueles que creem (Cl 1:5; 1 Pe 1:4; Fp 3:20; 2 Co 5:1-2; Hb 3:1). O evangelho do reino, que será pregado na tribulação, anuncia uma bênção terrenal sob o reinado de Cristo no Milênio (Mt 24:14; Sl 96). O evangelho do reino anuncia as boas novas que o reino prometido no Velho Testamento (2 Sm 7:16; Dn 2:44-45, 7:9-27) está para ser estabelecido e aqueles que receberem o Rei em fé irão ter parte nas suas bênçãos terrenais. Foi primeiro pregado por João Batista na primeira vinda de Cristo (Mt 3:1-2). O Senhor e Seus discípulos também o pregaram (Mt 4:23, 10:7). A pregação deles era chamar as nações a se arrependerem e assim ficariam num estado apropriado para receberem o Rei. Se o tivessem recebido, Ele teria estabelecido o reino como prometido pelos profetas do Velho Testamento. Mas infelizmente, Israel rejeitou seu Rei e assim perdeu a oportunidade de ter o reino estabelecido em todo o seu poder e manifestação. Quando Israel rejeitou seu Rei, o evangelho do reino não foi mais anunciado porque o reino não estava mais sendo oferecido a eles. Ao invés disso, Deus enviou o evangelho de Sua graça ao mundo gentio para chamar dentre eles um povo para o Seu Nome (Atos 13:44-48, 15:14; Rm 11:11). Este evangelho ainda está sendo pregado hoje.
O evangelho do reino será pregado novamente pelo remanescente judeu piedoso após a Igreja ser chamada ao céu. Nesse tempo, Deus retomará Seus tratamentos com Israel de onde parou há quase 2.000 anos. Israel será salvo no dia vindouro (isto é, um remanescente entre eles – Rm 9:6-8, 11:26-27) e o reino será introduzido em poder (Ap 11:15).
O ponto que precisamos ver é este: não há menção do evangelho da graça de Deus sendo pregado na tribulação – apenas o evangelho do reino (Mt 24:14). A razão óbvia é porque o evangelho da graça chama crentes para serem parte da Igreja e como a Igreja não estará na Terra durante a tribulação, ele não será pregado.
Deus não enviará dois diferentes evangelhos ao mesmo tempo. Isto seria confusão e iria confundir a chamada celestial com a chamada terrenal com suas respectivas esperanças e destinos. Entender esse ponto nos revela que é impossível ter a Igreja e o remanescente judeu crente no período da tribulação ao mesmo tempo. Se, durante a tribulação, o evangelho da graça de Deus chamasse os crentes dentre os judeus e gentios e os colocasse na Igreja, cada vez que um judeu cresse no evangelho da graça, ele seria tirado de sua posição judaica e seria feito parte da Igreja (Rm 11:5; Gl 6:16 – “o Israel de Deus”). Assim, nunca haveria um remanescente judeu crente! Uma consideração cuidadosa dessa questão provaria que a Igreja e o remanescente judeu não poderiam estar na Terra ao mesmo tempo.

11) Não Há Instruções para Cristãos na Tribulação

Quando Mateus 24:16-26 e Marcos 13:14-18, falam em relação aos dias de tribulação, aqueles que são chamados a fugir são claramente judeus e não Cristãos. Se os Cristãos devem passar pela tribulação, por que não há instruções dadas a eles quanto a como se prepararem e se comportarem nela, da mesma forma que o Senhor instruiu aos crentes judeus? A razão óbvia é que não haverá um Cristão sequer na tribulação.
É verdade que milhares irão se converter a Deus em fé durante aquele tempo (Ap 7:9), mas eles não são Cristãos. A multidão de gentios que virão à bênção, então, serão nascidos de novo e terão um lugar no reino de Cristo na Terra (Ap 7:10-17). Os Cristãos, por outro lado, terão sido chamados para fora da Terra pelo Senhor para desfrutar da eternidade com Ele no céu.

10) A Vinda de Cristo para Seus Santos Ocorre Antes do Fim dos Tempos

Em 1 Coríntios 15:23-24 lemos: “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda. Depois, virá o fim”. Note a ordem. Cristo ressuscita primeiro, seguido pelos que são Seus na Sua vinda (que acontece no Arrebatamento – 1 Ts 4:15-18); depois vem “o fim”. O “fim” se refere, de uma maneira geral, ao fim de todos os eventos no tempo – incluindo, é claro, a tribulação e o Milênio que a segue. (Mt 13:39, 24:3-14; Dn 11:40, 12:4, 8, 9, 13). O que poderia ser mais claro? O povo do Senhor é levado ao céu antes de o fim acontecer.

9) O Espírito de Deus Deve Ser Levado Antes

Em 2 Tessalonicenses 2:6-12 temos essa mesma ordem, porém, sob outra perspectiva. É dito, “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há Um que, agora, resiste até que do meio seja tirado [até que Se vá – JND]; e, então, será revelado o iníquo”. Estes versículos mostram que o curso do mal neste mundo está sendo restringido hoje de alcançar seu ápice por causa presença e poder do Espírito Santo na Terra. Quando o Espírito “partir” da Terra no Arrebatamento, então, e só então, “o iníquo” (anticristo) irá se levantar para desviar a muitos. Outra vez, a ordem é simples. Primeiro ocorrerá a saída do Espírito no Arrebatamento (v. 7), e depois a caída de muitos liderados pelo anticristo na grande tribulação.
Alguns podem fazer a pergunta, “Como sabemos quando o Espírito será tirado?” Isso é evidente, pelas três seguintes Escrituras, que é no Arrebatamento:
Primeiramente o Senhor prometeu a Seus discípulos, na noite em que foi traído, que quando o Espírito de Deus viesse para fazer Sua morada na Igreja, isso seria para sempre (Jo 14:16-17). Quando a Igreja for chamada para fora deste mundo, no Arrebatamento, o Espírito de Deus irá também porque o Senhor disse que Ele (o Espírito) nunca os iria deixar.
Em segundo lugar, nos três primeiros capítulos do livro de Apocalipse, quando a Igreja é vista estando na Terra, o Espírito é visto falando às igrejas repetidamente. Mas a partir do capítulo 4, quando a Igreja é não é mais vista na Terra, o Espírito não é mencionado novamente até os capítulos 14:13 e 22:17, que se referem ao tempo após a tribulação.
Em terceiro lugar, em Gênesis 24 uma noiva (uma figura da Igreja) é buscada para Isaque (uma figura de Cristo) pelo servo (uma figura do Espírito de Deus). Uma vez que a noiva foi garantida pelo servo, ele a levou de sua casa para Isaque que estava esperando por ela. Assim como o servo foi para casa com a noiva, assim irá o Espírito Santo para o céu com a Igreja quando o Senhor vier por nós. Isto não significa que o Espírito de Deus cessará Seu trabalho na Terra após o Arrebatamento. Ele continuará a trabalhar na Terra do céu, como fez nos tempos Velho Testamento, vivificando almas, etc. Essas três passagens mostram que quando a Igreja for chamada para fora deste mundo no Arrebatamento, o Espírito não mais habitará na Terra.

8) A Saída é Antes da Caída

Em 2 Tessalonicenses 2:1-5, o apóstolo Paulo outra vez coloca “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com Ele” (o Arrebatamento), como acontecendo antes do surgimento do anticristo e da grande “apostasia” que ocorrerá na tribulação. A ordem é simples. Primeiro ocorre a saída da Igreja (v. 1) depois a caída da Cristandade professa ao seguir o “homem do pecado” (o anticristo – vs. 3-4).
Os crentes Tessalonicenses estavam passando por perseguições por sua fé em Cristo (2 Ts 1:4-5). Falsos mestres tinham entrado entre eles (v. 2) ensinando que “o dia do Senhor” e o julgamento com ele conectado estavam próximos. Esse ensinamento perturbou os crentes – eles pensaram que tinham que passar pelos horrores da tribulação. Paulo escreveu esta segunda epístola para expor o mau ensinamento. Ele lhes ensinou que “o dia do Senhor” não poderia vir sobre eles porque duas coisas tinham que acontecer antes; primeiro, a revelação do “homem do pecado” (o anticristo) e, depois, a grande apostasia dos crentes meramente professos seguindo o anticristo.
Algumas pessoas têm a ideia de que “o dia do Senhor” é o Arrebatamento. Não há, entretanto, qualquer Escritura para isto. “O dia do Senhor” é um dia de julgamento que começará na Aparição de Cristo, no final da tribulação. Naquele tempo, o Senhor intervirá publicamente sobre os caminhos do homem firmando Seu poder universal e domínio sobre os céus e a Terra; “O dia do Senhor” continuará durante todo o período de 1.000 anos do reino de Cristo; quando (no fim do dia do Senhor) os céus e a Terra se desfarão (2 Pe 3:8-10).

7) O Alarido é Antes da Proclamação de Paz e Segurança

O apóstolo Paulo, em sua epístola aos Tessalonicenses, claramente coloca o Arrebatamento (1 Ts 4:15-18) acontecendo antes do tempo da tribulação, quando “paz e segurança” serão prometidas pela besta e o anticristo por meio da falsa proteção do recém-revivido Império Romano (1 Ts 5:1-3).
Além disso, uma leitura minuciosa da passagem mostrará que aqueles que são “arrebatados” (no capítulo 4) são mencionados como uma classe diferente de pessoas daquelas a quem são prometidas “paz e segurança” na tribulação (no capítulo 5). Isto é indicado pela mudança da primeira pessoa do plural para a terceira pessoa do plural. As palavras mudam de “nós” e “nos” (quando se referindo aos levados no Arrebatamento) para “eles” e “os” quando se referindo àqueles a quem são prometidas falsa paz e segurança na tribulação. Esta mudança não é por acaso; o Espirito de Deus está indicando duas diferentes classes de pessoas. Os santos arrebatados – a Igreja (1 Ts 4:15-18) e aqueles que serão deixados para entrar na tribulação.
Paulo, sendo um Cristão, se coloca entre aqueles que deveriam estar na Terra quando da vinda do Senhor (o Arrebatamento), dizendo “nós” (1 Ts 4:17). É significativo que ele não se refere a si mesmo entre os que estariam na Terra durante o tempo quando “paz e segurança” serão prometidas pela besta. Claro que isso é porque ele não se via como estando entre aqueles que iriam experimentar a tribulação.

6) Deus Não Destinou a Igreja para a Ira

Primeira Tessalonicenses 5:9 diz: “Porque Deus não nos destinou para a ira (o juízo vindouro), mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”.
O aspecto da salvação neste versículo não é a salvação eterna da alma que os Cristãos já têm. Há, entretanto, outro aspecto da salvação na Bíblia que é algo futuro. Por exemplo, a Palavra de Deus diz, “porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13:11-12, 5:9, 8:23-25; Ef 4:30; Hb 9:28; 1 Pe 1:5). Este aspecto da salvação é a salvação de nosso corpo, quando o Senhor vem e nos tira deste mundo “Esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas” (Fp 3:20-21; 1 Co 15:51-56).
Primeira Tessalonicenses 5:1 nos fala que a Igreja foi destinada para obter esta salvação e não a ira que está para vir sobre o mundo.

5) À Igreja Foi Prometido Livramento da Futura Ira de Deus

Aos Cristãos é dito para “esperar dos céus a Seu Filho, a Quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Ts 1:9-10).
Há uma “ira” chegando sobre este mundo. É o juízo que irá ser derramado na tribulação. Essa “ira” é mencionada 13 vezes no livro de Apocalipse. Capítulo 6:16, 17, 11:18, 12:12, 14:8, 10, 19, 15:1, 7, 16:1, 19, 18:3, 19:15 (ARC). Note que todas essas referências estão depois dos capítulos 2 e 3 que descrevem o tempo da Igreja na Terra. Isto mostra que a Igreja já terá partido quando os juízos da tribulação forem derramados. O Senhor Jesus a libertará disso antes da ira ser derramada (Rm 5:9).

4) O Livramento da Igreja é Diferente do Livramento de Israel

Em Apocalipse 3:10 é prometido à Igreja que será salva da hora da tentação” vindoura. O próximo versículo (11) mostra como: “Eis que venho sem demora” (ARA). Este é o Arrebatamento. Mas note que não há tal promessa para Israel. De Israel é falado sobre ser salvo no tempo da angústia” (Jr 14:8). Deus irá graciosamente preservar um remanescente piedoso deles durante a tribulação.

3) O Esboço do Livro de Apocalipse Mostra que a Igreja Não Estará na Terra Durante a Tribulação

Ao termos um esboço simples do livro do Apocalipse, aprendemos vários pontos que claramente mostram que a Igreja não estará na Terra quando juízos da tribulação forem derramados. Há três divisões gerais do livro dadas no capítulo 1:19:
  • “As coisas que tens visto” referem-se ao que o apóstolo João viu no capítulo 1.
  • “As que são” referem-se aos capítulos 2 e 3, que contêm as mensagens do Senhor às sete igrejas, sendo uma história moral da Igreja professa na Terra, desde o tempo dos apóstolos até seus últimos dias.
  • “As que depois destas hão de acontecer”, referem-se aos capítulos 4 a 22, onde a tribulação é descrita. Esta terceira divisão é chamada “depois destas coisas” (Ap 4:1), porque trata com coisas que terão lugar depois da Igreja ter acabado a sua história na Terra. 
É instrutivo ver que depois dos capítulos 2 e 3, uma porta no céu se abre e João é chamado: “Sobe para aqui” (Ap 4:1 – TB). Isso é uma pequena figura da Igreja sendo chamada acima para o céu após ter acabado seu curso aqui na Terra, pela vinda do Senhor (o Arrebatamento). Do capítulo 4 ao fim do livro, a Igreja não é mais vista na Terra, como foi nos capítulos 1 a 3. Quando os juízos da tribulação são derramados do capítulo 6 ao 19, a Igreja não é mencionada sequer uma vez!
Também aqueles que irão ser martirizados por sua fidelidade durante a tribulação, mostram, pelo caráter de suas orações, que eles não são Cristãos (Ap 6:9-10). Primeiramente, o modo como eles se dirigem a Deus como “verdadeiro e santo Dominador” mostra que não podem ser Cristãos, pois estes não se dirigem a Deus dessa forma. Os Cristãos se dirigem a Deus como seu Pai (Ef 1:2; Cl 1:2). Em segundo lugar, eles oram por vingança sobre os habitantes da Terra que os perseguiram. Isto é correto e próprio para um judeu (isto é, os salmos imprecatórios), mas certamente não é a atitude de um Cristão. O Cristão abençoa os que o maldizem e ora pelos que o aborrecem (Lc 6:27-28), mas não invoca juízo sobre seus perseguidores (Rm 12:19-21).
No capítulo 7 nos é dito quem surgirá no fim da tribulação – os eleitos de Israel (vs. 1-8) e a grande multidão de gentios (vs. 9-17). Mas não há menção a Cristãos! Eles não saem na tribulação porque eles não entraram nela. Como mencionado, a Igreja é chamada para o céu antes que a tribulação comece (Ap 4:1).
Note também que, quando a Igreja é vista na Terra (nos capítulos 2 e 3), a expressão “quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” é repetida várias vezes. Mas depois que a Igreja é vista como tirada (Ap 4:1), quando a tribulação está transcorrendo, a expressão é um tanto alterada. É dito, “se alguém tem ouvidos, ouça” (Ap 13:9) A frase “o que o Espírito diz às igrejas” é propositadamente excluída! A razão óbvia por isso é que a Igreja é considerada como já tendo sido tirada do mundo e o Espírito não está mais Se dirigindo a ela.
Então finalmente, no capítulo 19:11-21, no fim da tribulação, vemos a Igreja como parte dos exércitos celestiais (os santos celestiais) vinda dos céus com o Senhor em Seus julgamentos guerreiros. Para ela vir dos céus com o Senhor (1 Ts 3:13-4:14; Jd 14, etc.) ela teve que ser levada aos céus anteriormente. A única coisa que corresponde a isso é o Arrebatamento que – como temos demonstrado – acontecerá antes de a tribulação começar.
Além disso, se todos os santos crentes são levados para estar com o Senhor no final da tribulação, como alguns acreditam, quem iria então ser deixado para povoar a Terra no Milênio? Com os ímpios sendo lançados em eterna perdição, a Terra ficaria vazia de pessoas! (Os santos arrebatados para estar com o Senhor nos ares não voltarão para viver na Terra. Irão reinar sobre da Terra, nos “mais altos lugares” – Dn 7:22 – JND, 27; 2 Co 5:1).

2) A Igreja Não é o Assunto da Profecia

O fato é que a profecia, propriamente dita, não tem nada a ver com a Igreja, mas com Cristo e Seus tratos com Israel e as nações gentias que passarão pela tribulação para o reino do Milênio. As 70 semanas de Daniel (Dn 9:24-27) claramente mostram que os eventos concernentes a Israel e a profecia tiveram uma pausa no fim da 69a semana, quando seu Messias foi “cortado” (Dn 9:26 – AIBB) e crucificado pelos judeus. Ainda há sete anos (a 70a semana) a ser cumpridos em profecia concernente a Israel que não serão cumpridos até que Deus volte a tratar com eles novamente no dia futuro. Estamos agora no “Seu tempo” da graça de Deus (1 Tm 2:6) em que Deus está chamando para fora crentes tanto dentre os judeus quanto dentre os gentios, para serem um povo celestial para Si mesmo (At 15:14). Profecia a respeito da tribulação não tem relação com este tempo presente. É um mau entendimento da Escritura profética, tentar correlacionar eventos acontecendo hoje, quando a Igreja ainda está na Terra, com eventos preditos na profecia, supondo que eles estão sendo cumpridos agora.

Israel e a Igreja – Dois Grupos Diferentes

Conforme prosseguirmos, ficará cada vez mais evidente que a razão da maior parte das dificuldades que as pessoas têm neste assunto provém de não se distinguir entre Israel e a Igreja. Este é um problema muito antigo entre os Cristãos e pode ser rastreado até os séculos iniciais da história da Igreja quando mestres judaizantes ensinaram que Israel se fundiu na Igreja no Pentecostes e de que agora fazem parte do mesmo grupo. No seu ensino errado, a Igreja é dita ser o novo Israel que irá herdar a Terra. Isso é conhecido hoje de maneira geral como “Teologia do Pacto” ou “Teologia Reformada”, embora isso tenha sua origem antes da Reforma ocorrida e nos anos 1500. Este sistema de ensino não vê a verdadeira natureza, chamado, caráter e esperança da Igreja como sendo um grupo especial de crentes que pertence ao céu. A Escritura ensina que a Igreja reinará com Cristo sobre a terra, como algo distinto de Israel e das nações gentias que terão uma porção de bênção na Terra.
Como resultado desse ensino errado, muitos entenderam mal o propósito de Deus de ter, não um, mas dois grandes grupos de pessoas redimidas para compartilhar a glória de Cristo no dia de Seu reinado público (o Milênio). Haverá um grupo celestial de santos, composto pela “noiva” de Cristo (a Igreja) e aqueles conhecidos como “os amigos do Noivo” (os santos do Velho Testamento), e também haverá um grupo terrenal de pessoas composto do remanescente das 12 tribos de “Israel” e das “nações” gentias.
No presente, Deus está chamando a Igreja (a noiva e esposa de Cristo) pelo evangelho da Sua graça. Aqueles que descansam em fé na obra consumada de Cristo na cruz são selados com o Espírito Santo e fazem parte da Igreja. Isso é algo totalmente novo nos caminhos de Deus. Não existia nos tempos do Velho Testamento, ou mesmo quando Cristo veio pregar o evangelho do reino. Quando o Senhor esteve na Terra, disse: “Eu edificarei Minha Igreja” (Mateus 16:18). Isso mostra claramente que ainda era algo futuro. Ela não começou até o Pentecostes (At 2:1-4, 47, 5:11, 11:5 “ao princípio”). A palavra Igreja (“Ekklesia” no grego) significa “chamada para fora” e apropriadamente descreve o que Deus está presentemente fazendo ao chamar crentes para fora de entre os judeus e os gentios. Pela virtude do Espírito de Deus descendo ao mundo no dia de Pentecostes e fazendo habitação naquele grupo de crentes, Ele os uniu a Cristo nos céus, que é a Cabeça da Igreja (Ef 5:23). Isto é chamado o batismo do Espírito Santo (At 1:5; 1 Co 12:13)
Em Efésios 3:6, Paulo explica esse novo e exclusivo chamado de Deus e mostra que é algo completamente diferente do que foi falado pelos profetas do Velho Testamento sobre Israel e os gentios. Ele declara três coisas que caracterizam esse chamado atual de Deus pelo evangelho:
·              Em primeiro lugar, ele diz: “Para que os que são das nações sejam co-herdeiros” (Ef 3:6 – JND). Nota: ele não disse que os gentios (as nações) seriam co-herdeiros, mas que “aqueles que são dos gentios” seriam co-herdeiros. Isso se refere a uma seleção de certas pessoas eleitas de entre as nações que foram escolhidas para fazer parte dessa companhia celestial – a Igreja (Ef 1:4-6). As nações das quais esses são chamados permanecem inalteradas e continuam na Terra hoje como tais, e o farão também durante o Milênio (Ap 21:24).
Esse chamado especial de Deus pelo evangelho não é aproximação em massa das nações gentias a Jeová, como anunciado no Velho Testamento, pela qual elas teriam um lugar no reino do Messias sob Israel (Zc 2:11, 8:22-23; Is 11:10, 14:1, 56:3-7, 60:1-5; Sl 22:27, 47:9, 72:10-11). Aquilo que o Velho Testamento fala é uma conversão exterior das nações gentias que ocorrerá no futuro quando Cristo estabelecer Seu reino Milenar. Elas declararão lealdade ao Deus de Israel pelo medo de julgamento; não haverá necessariamente uma obra de fé no coração delas (Sl 18:44-47, 66:1-3, 68:28-31; Is 60:14), embora muitos sejam verdadeiros (Ap 7:9-10). O presente chamado especial de Deus para formar a Igreja não deve ser confundido com o chamado aos gentios que acontecerá no futuro.
Certas declarações no livro de Atos confirmam esse chamado exclusivo de Deus que está ocorrendo hoje. Lucas, o escritor do livro, diz que, quando Paulo e Barnabé subiram a Jerusalém, pararam em certos lugares para contar aos santos as boas novas da “conversão daqueles das nações” (At 15:3 – JND, Ef. 1:13). Note novamente: não é a conversão das nações, mas uma conversão “daqueles das” nações. Ele menciona novamente no versículo 14 do mesmo capítulo, afirmando que no evangelho, Deus estava (e está hoje) visitando os gentios para “tomar dentre eles um povo para o Seu Nome” (At 15:14 – AIBB). E é mencionado novamente na conversão de Saulo de Tarso. O Senhor disse a ele: “Tirando-te de entre o povo (Israel) e das nações (gentios) (At 26:17 – JND). Isso mostra que, quando Paulo foi salvo, ele foi tirado para fora de sua posição anterior como um israelita e colocado para dentro de uma inteiramente nova criação de Deus como membro do corpo de Cristo (Gl 3:28; Cl 3:11). Ele foi então enviado para pregar o evangelho àqueles dentre as nações, para que, por crerem em Cristo, eles também pudessem ser trazidos para essa nova coisa celestial.
Como mencionado, judeus e gentios, como entidades distintas, ainda permanecem na Terra hoje enquanto o chamado do evangelho é divulgado, mas agora, como resultado desse chamado atual de Deus, existe uma terceira entidade – “a Igreja de Deus” (1 Co 10:32). Portanto, nesta presente dispensação da graça, Deus está chamando judeus e gentios crentes para fora de suas posições anteriores e levando-os para dentro de algo novo – a Igreja. Como afirmado anteriormente, o significado da palavra Igreja é “os chamados para fora”. Expressa muito apropriadamente esse chamado especial do evangelho hoje.
Os teólogos da “reforma” ou da “aliança” usarão erroneamente certos versículos no livro de Atos para provar que esses dois chamados são um e o mesmo. Mas um exame mais atento a essas referências mostra que esses chamados não são um cumprimento daquelas passagens do Velho Testamento, mas são simplesmente citadas para mostrar que Deus sempre teve em mente Seu propósito de abençoar os gentios.
·              Em segundo lugar, Efésios 3:6 diz que os crentes dentre os gentios hoje fazem parte “de um mesmo corpo” de crentes compostos pelos que antes eram judeus e os que antes eram gentios. O Mistério de Cristo e a Igreja revela que judeus e gentios que creram no evangelho são tornados em um organismo vivo (um mesmo corpo) e compartilham uma igualdade de condição e bênção nessa nova criação de Deus (Ef 2:14-16). Esse “um só corpo em Cristo” (Rm 12:5) é uma coisa totalmente nova da criação de Deus e não é encontrada no Velho Testamento. As Escrituras do Velho Testamento não falam de judeus e gentios crentes compartilhando bênção e privilégio comuns como ajuntados na união mais próxima possível. Além disso, a Escritura anuncia que Cristo reinará sobre Israel e sobre as nações gentias (Sl 93:1; Is 32:1), mas nunca diz que Ele reinará sobre a Igreja, que é Seu corpo.
·              Terceiro, Paulo diz que esta seleta companhia de judeus e gentios são “co-participantes da promessa em Cristo Jesus”. Essa promessa não tem conexão com as promessas feitas aos patriarcas nos tempos do Velho Testamento. As promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó foram feitas durante suas vidas, mas essa promessa da “vida eterna” foi feita “antes dos tempos dos séculos” (Tt 1:2). “Vida eterna” é claramente uma bênção do Novo Testamento que envolve um relacionamento consciente com o Pai e o Filho (Jo 17:3) e tendo a habitação do Espírito Santo (Jo 4:14). Os santos do Velho Testamento não sabiam do relacionamento do Pai e do Filho na divindade, e apenas esperavam viver para sempre na Terra sob um Messias que viria para reinar (Sl 8:1-9, etc.), nem tinham a habitação do Espírito. A vida eterna foi vista pela primeira vez quando Cristo veio ao mundo e a manifestou; antes disso, “estava com o Pai” no céu (1 Jo 1:2).
Portanto, vemos dessas três coisas que o presente chamado de Deus não é um cumprimento espiritual das profecias do Velho Testamento (como os teólogos da Aliança nos dirão), mas algo completamente diferente. O presente chamado celestial de forma alguma interfere no plano futuro de Deus de abençoar Israel e os gentios na Terra sob o reinado de Cristo. A conversão dos gentios ocorrerá num dia vindouro, mas uma conversão daqueles que são tomados de entre os gentios está acontecendo hoje pelo chamado do evangelho. Ao ler as Escrituras, é importante não confundir esses distintos chamados de Deus. O “obreiro” fiel “que maneja bem [que divide corretamente – KJV] a palavra da verdade” e fará essa distinção no ensino bíblico (2 Tim. 2:15).

1) A Tribulação nunca é mencionada em conexão com a Igreja

oito principais passagens na Escritura que diretamente falam da tribulação (Mt 24:3-29; Mc 13:4-24; Ap 3:10, 7:14-17; Dt 4:30-31; Jr 14:8, 30:4-7; Dn 12:1). Pensaríamos que, se a Igreja fosse passar pela tribulação, pelo menos uma dessas passagens diria isso, mas não há uma referência à Igreja estar na tribulação ou ter qualquer conexão com ela! (Quando mencionamos “Igreja”, queremos dizer Cristãos que são os membros do corpo de Cristo – Rm 12:5; 1 Co 12:13). Isso por si só é significativo. Isso significa que aqueles que acreditam nesse erro deduziram suas ideias da Escritura.
Em Mateus 24 e Marcos 13 o Senhor estava falando aos Seus discípulos judeus que são representativos do remanescente dos crentes judeus que passarão pela tribulação. Isto é evidenciado pelos comentários do Senhor a eles ao instrui-los o que fazer quando o “templo” e “lugar santo” iriam ser corrompidos pela “abominação da desolação” (v. 15). Ele falou sobre a terra da “Judeia” (v. 16), sobre o “dia do sábado” (v. 20), sobre “as tribos de Israel” sendo reunidas (vs. 30-31) e sobre “a figueira” – um bem conhecido símbolo de Israel (v. 32). Ele também falou da “vinda do Filho do Homem”, que é um título usado na Escritura do tratamento do Senhor com Israel e as nações gentias da Terra – nunca mencionou a Igreja. (Quando fala da Sua vinda para a Igreja – o Arrebatamento – Ele é citado como o Senhor ou o Noivo). Todas essas coisas indicam que o Senhor não estava se referindo a Cristãos em relação à tribulação. Os Cristãos não têm nenhuma relação com um templo físico e um lugar santo para nele adorar. Nem têm qualquer relação com o dia do Sábado, etc. Essas coisas se aplicam, obviamente, aos judeus.
  • Apocalipse 3:10 fala sobre a tribulação vindo sobre o mundo, mas não sobre a Igreja. De fato, o Senhor fala nessa passagem que Ele irá guardar os Cristãos da hora da tentação”.
  • Apocalipse 7:14 a tribulação é mencionada em conexão com as nações gentias (Ap 7:9).
  • Em Deuteronômio 4:30-31 a tribulação é mencionada em conexão com Israel (Dt 4:1).
  • Em Jeremias 30:4-7, a tribulação é referida como “tempo de angústia para Jacó”. Não fala “tempo de angústia para a Igreja”. É especificado que estas coisas são concernentes a Israel e Judá.
  • Em Daniel 12:1 duas vezes é dito que “um tempo de angústia” (a tribulação) virá sobre “o Teu povo”. O povo de Daniel era os judeus.
Estas referências mostram que a tribulação tem a ver com Israel e as nações gentias da Terra, mas não com a Igreja. O fato que a Igreja nunca é mencionada em conexão com a tribulação deveria ser suficiente em si mesmo para convencer qualquer mente disposta de que a Igreja não estará, nem passará pela tribulação.

APÊNDICE “C” - A Igreja NÃO Irá Passar Pela Tribulação


As seguintes referências das Escrituras confirmam que a Igreja não irá passar pela tribulação vindoura de sete anos.

15) Ester 1-10

Quando Deus removeu Sua sede de governo na Terra das mãos de Israel, Ele a deu nas mãos dos gentios. Este período de autoridade gentia é chamado “os tempos dos gentios” (Luc 21:24). Daí em diante, os vários monarcas gentios que governaram durante esse tempo foram indiretamente uma extensão da autoridade de Deus na Terra. No livro de Ester, o rei Assuero governou naquela posição de autoridade sobre o mundo conhecido daquele tempo, “desde a Índia até a Etiópia” (cap. 1:1). Ele é uma figura de Deus o Qual governa sobre todo o mundo por trás dos bastidores (Dn 4:17).
O primeiro capítulo de Ester nos fala que o rei Assuero fez uma festa “a todos” desde “o maior até ao menor” (cap. 1:1-5). Esta é uma figura da grande festa que Deus fez para toda a humanidade pelo evangelho da Sua graça (Lc 14:16). O propósito da festa de Assuero foi para mostrar “as riquezas da glória do seu reino” e “o esplendor da sua excelente grandeza”. O evangelho também anuncia a glória de Deus e “as riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2:7). Exatamente como a festa de Assuero durou “muitos dias” Deus, em Seu longânime amor e misericórdia, também estendeu o convite para Sua festa por muitos dias – aproximadamente 2.000 anos. Os convidados que aceitaram o convite do rei Assuero, vieram e foram chamados “príncipes e... maiores senhores”. Do mesmo modo, aqueles que aceitam o convite de Deus à festa de Seu evangelho são igualmente feitos “reis e sacerdotes” (Ap 1:6).
Na festa, o rei proveu “leitos que eram de ouro e de prata” para que os hóspedes repousassem (cap. 1:6-8). Prata e ouro na Escritura são símbolos da redenção e justiça divina. Essas duas coisas dão ao crente um lugar de descanso quanto à salvação e consequentemente, ele tem paz com Deus e descanso em sua alma (Mt 11:28). Havia também belos “pendentes” coloridos na festa para os convidados desfrutarem. Sendo suspensos acima por “anéis de prata,” estes pendentes são uma figura das bênçãos celestiais dos Cristãos que são suas por meio da redenção (Ef 1:3). Além do mais, o rei serviu aos hóspedes “muito vinho real”. Isso fala do gozo que Deus dá àqueles que recebem e creem no evangelho de Sua graça (Jz 9:13; Sl 104:15).
A gentia rainha Vasti, que tinha um lugar muito privilegiado no reino sendo associada com o rei publicamente, foi também convidada para a festa. Seu dever era contribuir com a glória do rei ao mostrar ao povo a sua beleza. Mas quando foi chamada, se “recusou” a vir porque seu coração se elevou em orgulho e rebelião (cap. 1:9-12, compare Ap 18:7). Ela gostava da posição que tinha de estar publicamente associada com o rei, mas não se identificava com a festa dele. Vasti é uma figura da Igreja professa que tem sido exteriormente identificada com Deus diante do mundo, mas não tem fé verdadeira. A Cristandade apóstata teve a maior oportunidade de receber a salvação e a bênção que está sendo oferecida no evangelho, mas como Vasti, isso não serviu para ela.
No último dia da festa (cap. 1:5, 10) a rebelião de Vasti veio à tona e devido à sua desobediência e falha em se mostrar de um modo que glorificasse o rei, ela foi deposta de seu lugar como rainha (cap. 1:13-22). Isso é uma prefiguração do que acontecerá para a Cristandade professante apóstata no fim do dia da graça. A rebelião e desobediência da Cristandade subiu a um nível tal que Deus não irá mais tolerá-la. Quando o Senhor vier (o Arrebatamento), Ele irá também rejeitar publicamente a Cristandade professante apóstata ao deixar para trás todos os meros professos. Ele irá “vomitá-la” de Sua boca (Ap 3:16). A Cristandade, como Vasti, será “cortada” e deixada de lado nos tratos de Deus (Rm 11:17-22). Assim como Vasti experimentou o “furor do rei Assuero” (cap. 2:1), a Cristandade será julgada por Deus naquela ocasião – e isso por conta de sua falha em glorificar a Deus na Terra.
O exercício no capítulo 2 é o de trazer uma substituta para Vasti. No processo de encontrar alguém para substitui-la, Ester entra em cena (cap. 2:1-7). Ela é uma figura do remanescente judeu piedoso. Romanos 11 indica que quando a Cristandade gentia for rejeitada e colocada de lado por sua infidelidade, Deus irá retornar Seus tratos com um remanescente de Israel e conduzi-los à bênção. Sendo órfã, Ester não tinha apoio no mundo e isso descreve apropriadamente o caráter desamparado do piedoso remanescente de judeus na tribulação vindoura.
Eles estarão totalmente dependentes de Deus. Embora Ester fosse órfã ela foi tomada como filha e cuidada por Mardoqueu seu primo. Ele é uma figura de Cristo que providencialmente cuidará do remanescente judeu.
Antes que Ester pudesse ser trazida em relacionamento com o rei, ela tinha que passar por purificação (cap. 2:8-14). Isso fala dos resultados dos exercícios que o remanescente judeu irá passar durante a grande tribulação. Durante aquele tempo, eles serão purificados e preparados para seu Rei (Dn 2:10; Ml 3:2-4; Zc 13:9). Durante o período de purificação de Ester, Mardoqueu teve grande interesse no bem-estar dela (cap. 2:11). Embora ele não pudesse se comunicar abertamente com ela, porque o tempo de purificação dela ainda não estava completo, ele passava todo dia pelo lugar onde ela estava para saber como ela estava. Do mesmo modo, durante a grande tribulação, Cristo não irá Se comunicar diretamente com o remanescente judeu, mas irá observar o progresso deles, com intenso interesse. Ele fará isso, por assim dizer, à distância (Is 8:17, 18:4, 54:8; Ct 5:6; Gn 42:7, 23-24, 4:30). Ele irá fazer isto até que a obra de arrependimento e purificação esteja completa no remanescente, quando, então, Ele irá Se revelar a ele.
O incidente no fim do capítulo 2, com Mardoqueu cuidando do bem-estar do rei (quando Bigtã e Teres se insurgiram contra o rei), ilustra como Cristo Se importa com glória de Deus e irá trabalhar por ela nos bastidores (cap. 2:21-23).
No capítulo 3 vemos o rei Assuero promovendo Hamã, o agagita no reino e dando-lhe um lugar acima de todos os príncipes. Hamã “o inimigo dos judeus” é uma figura do anticristo. Sua promoção no reino indica o tempo quando Deus permitirá o anticristo subir a uma posição de proeminência e poder na Terra – particularmente na terra de Israel. Hamã usou sua posição de poder para sua própria exaltação e exigiu que todos se inclinassem diante dele em reverência. E o anticristo (“o homem de pecado”) irá fazer o mesmo, demandando que adorem a ele mesmo (2 Ts 2:3-4).
Mardoqueu se recusou a inclinar-se a Hamã (cap. 3:2). Isso induziu o ódio de Hamã e o anticristo (que Hamã prefigura) irá tentar apagar o nome de Jesus Cristo da Terra. Ele também “procurou destruir a todos os judeus que havia em todo o reino” (cap. 3:5-15). Isso é uma indicação da terrível perseguição que o anticristo irá causar na grande tribulação, na sua tentativa de exterminar os judeus tementes a Deus. Hamã tinha dez filhos que aparentemente lhe ajudaram em sua causa (caps. 5:11, 14, 9:7-10). Eles talvez possam ser uma figura da confederação das dez nações da Europa ocidental chamada “a besta”, que irá ajudar o anticristo a impor a grande perseguição contra o remanescente piedoso. O rei deu a Hamã seu “anel”, autorizando o perverso plano (cap. 3:10). Isso fala de Deus permitindo o anticristo ter seu curso em perseguir o remanescente piedoso por um tempo. Ele permite isso para testar a sinceridade deles e aprofundar Sua obra neles.
Por causa dos perversos desígnios de Hamã, a vida dos judeus estava em grande risco. Isso causou muito choro e lamento em todas as províncias (cap. 4:1-3). Isso é uma figura da tristeza e profundos exercícios de alma que o remanescente judeu irá passar na grande tribulação. Mardoqueu também vestiu-se de um pano de saco com cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor”. Isto ilustra os sentimentos de Cristo. Ele irá sentir com profunda compaixão tudo o que o remanescente irá passar no tempo de suas dificuldades. O livro dos Salmos particularmente ilustra os sofrimentos de empatia de Cristo com o remanescente.
Por conhecer a terrível condição de seu povo, Ester foi informada que deveria ir ter com o rei, e lhe pedisse, e suplicasse na sua presença pelo seu povo” (cap. 4:4-9). Mas isso era algo que ela não tinha feito antes e estava com medo de fazê-lo, porque ninguém podia se achegar à presença do rei por si mesmo sem ser morto. Isto fala do fato que as pessoas não podem chegar a Deus em seus próprios meios e termos. Entretanto, a lei era tal que se o rei levantasse “o cetro de ouro” a uma pessoa, o que representa graça divina, ela viveria e não morreria. Graça habilitou o homem a se aproximar de Deus (cap. 4:10-11).
Mardoqueu, ainda falando a Ester à distância (por meio de Hataque), pressionou-a que se aproximasse do rei, mesmo que isto significasse arriscar sua vida; pois este era o único meio de libertação de seu povo (cap. 4:12-14). Assim, depois de muita oração e jejum, Ester resolveu ir ao rei (Ester 4:15-17). Do mesmo modo, o remanescente, depois de muito exercício de alma, se aproximará de Deus.
Quando Ester aproximou-se do rei depois de não ter estado em sua presença por muito tempo, ela alcançou graça aos seus olhos e o cetro de ouro foi apontado para ela (Ester 5:1-2). Do mesmo modo, o quebrantado e aflito remanescente irá se aproximar de Deus em oração e súplicas e irá obter graça no tempo de sua grande provação. É notável que foi no “terceiro dia” que Ester se aproximou do rei. Na Escritura o número três nos fala de ressurreição (Jn 1:17, 2:10; Mt 12:40; Hb 11:19). Isso aponta para a ressurreição nacional de Israel (Dn 12:1-2), quando Deus virá para o remanescente judeu piedoso, trazendo libertação a eles e ao remanescente da nação de Israel (Compare Os 6:2).
Vindo à presença do rei, Ester não derramou imediatamente as profundezas de seu coração a ele. Ao invés disto ela solicitou que um banquete fosse feito para o rei e Hamã, em cuja ocasião, pensou em fazer sua real solicitação conhecida. Mas quando chegou o tempo, ela adiou sua solicitação ao rei até o dia seguinte (cap. 5:3-14). Isso ilustra como o remanescente irá, a princípio, carecer de confiança para abrir seu coração para Deus, mas finalmente, por causa da necessidade, fará assim (Compare Sl 25, 32, 41, 51 – os Salmos Penitenciais. Note a progressão do aprofundamento de seus exercícios de alma).
Na mesma noite que Hamã estava planejando matar Mardoqueu, o rei não conseguiu dormir. E similarmente, Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel” (Sl 121:4). Isso será especialmente assim durante aquele tempo quando o anticristo tentar eliminar o nome de Cristo da Terra. A noite passa com uma singular mudança de eventos para os judeus. O rei vê que é justo exaltar publicamente Mardoqueu e apresentá-lo em “vestido real” e com a “coroa real” diante de todo o povo! Quando o dia chegou, o menosprezado Mardoqueu, foi anunciado pelas ruas da cidade com glória, dignidade e honra para todos verem (cap. 6:1-11). Isto é uma figura da Aparição de Cristo (a segunda vinda), quando Ele virá para a Terra com poder e glória; e “todo olho O verá” (Ap 1:7).
Quando Ester viu que a providência divina estava trabalhando para bem e para a bênção dos judeus e que o rei tinha exaltado a Mardoqueu diante do povo, ousou vir imediatamente à presença do rei no banquete e derramou seu coração. Do mesmo modo, quando o remanescente judeu piedoso vir a Cristo ornado em glória, eles irão imediatamente derramar seu coração (Zc 12:10-14). Ester acusou Hamã de sua perversidade e suplicou ao rei pela destruição de Hamã. O rei aceitou seu pedido e Hamã foi enforcado em sua própria forca! (cap. 7:1-10) Isso corresponde ao tempo quando Deus responderá ao clamor do remanescente e julga o anticristo o júbilo dos ímpios é breve (Jó 20:5). Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás” (Is 54:17 – ARA).
Maravilhamo-nos de quão precisa é a ordem dessas figuras! Mardoqueu é exaltado e apresentado diante do povo em vestes reais (cap. 6) e então Hamã é enforcado (cap. 7). Nas profecias vemos a mesma ordem. Imediatamente após Cristo aparecer em glória, o anticristo (com a besta) serão removidos em julgamento e lançados no lado de fogo (Ap 19:11).
Depois de Hamã ser executado, Ester faz conhecido ao rei Assuero o parentesco dela com Mardoqueu. Do mesmo modo, após Cristo ter retornado e o anticristo julgado, o remanescente judeu piedoso alegremente confessará que eles pertencem a Ele. Ó Senhor Deus nosso, outros senhores têm tido domínio sobre nós; mas, por Ti só, nos lembramos do Teu nome” (Is 26:13; Jo 20:28). Depois a casa de Hamã (sua propriedade) é dada a Ester e ela, com satisfação, transfere tudo a Mardoqueu (cap. 8:1-2). Isto é uma figura dos judeus naquele dia dando a Cristo, com satisfação, o justo lugar que Lhe pertence. O Teu povo se apresentará voluntariamente no dia do Teu poder” (Sl 110:3).
Então nos é dito: “E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu” (cap. 8:2). Isso fala de Deus dando a Cristo o lugar de governo e autoridade na Terra que o anticristo falsamente tinha possuído (Compare com Is 22:15-25).
Depois, em resposta ao clamor de Ester, Mardoqueu, pela autoridade do rei, liberta os judeus do terrível edito que estava sobre eles. Escreveu cartas declarando a liberdade deles e as publicou em todas as províncias. Os judeus estavam livres! (cap. 8:3-14) Isso prefigura o livramento que Cristo irá efetuar para o remanescente judeu.
Então, Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branca, como também com uma grande coroa de ouro e com uma capa de linho fino e púrpura” (caps. 8:15, 9:3-4, 10:3). Isso é uma figura de Cristo em Seu oficial reino de glória. Para os judeus, consequentemente, houve “alegria, e gozo, e honra” (cap. 8:16) e isso, certamente, se refere ao gozo do remanescente naquele dia de sua libertação (Is 25-26).
O temor de Mardoqueu e dos judeus veio sobre todos, e “muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus” (caps. 8:17, 9:3). No Milênio (os 1.000 anos do reino de Cristo) “muitas nações se ajuntarão ao Senhor” (Zc 2:11, 8:23). “Os povos (os gentios) de coração voluntário se uniram ao povo de Abraão” (Sl 47:9 – conforme nota “f” na tradução JND).
Se isso não fosse suficiente, “a palavra do rei e sua ordem” deu autoridade aos judeus que “se assenhorearam” (cap. 9:1-4) sobre seus inimigos (gentios). Isto é uma figura de Israel sendo colocado no lugar de “cabeça” das nações, que é o propósito original de Deus para eles (Dt 28:13, Sl 18:43).
Os judeus também “feriram... a todos os seus inimigos, a golpes de espada” (cap. 9:5-19). No dia vindouro Israel exercerá juízo sobre as nações vizinhas à sua terra (Sl 47:3, 118:10-12; Is 11:14; Jr 51:20-23; Mq 4:13, 5:5-6, 8; Zc 12:6; Ml 4:3).
Depois disso, Mardoqueu instituiu a “festa” (chamada “Purim”) em que “os judeus tiveram repouso” em todas as províncias do reino (cap. 9:20-32). Eles davam presentes uns aos outros e tinham grande alegria, banquetes e júbilo. Isto fala do repouso milenar que irá permear a Terra naquele dia.
O rei Assuero então ordenou um “tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar” (cap. 10:1). Naquele dia vindouro, quando todas as nações se submeterem a Israel, serão colocados sob tributo. Israel “mamará” “as riquezas das nações” (Is 60:5-6, 16, 61:6; Sl 72:10).
Depois disso, o rei fez uma “declaração da grandeza de Mardoqueu” (cap. 10:2). Isso se refere ao tempo em que a glória de Cristo será espalhada pela Terra. “Este será grande” (Lc 1:32; Nm 14:21; Ez 43:2).
Daí em diante Mardoqueu foi “o segundo depois do rei” e na sua ocupação estava “procurando o bem-estar do seu povo, e falando de paz para toda a sua semente” (cap. 10:3 – JND) No mundo vindouro, Cristo irá ter o mais elevado lugar no reino e devotará Suas energias para a benção de Seu povo terrenal, Israel, e haverá paz mundial.
O ponto que queremos enfatizar neste livro de Ester é que as coisas mudaram para os judeus quando Ester se colocou diante do rei ao “terceiro dia” (cap. 5:1).
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Estas encorajantes indicações da proximidade da vinda do Senhor devem nos levar a uma feliz expectativa do Seu retorno a qualquer momento. “Pois ainda em bem pouco tempo aqu’Ele que há de vir, virá, e não tardará”. “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Hb 10:37 – TB; Ap 22:20).

  • O mundo diz: “Onde está a promessa da Sua vinda?” (2 Pe 3:4)
  • A Cristandade diz: “O meu Senhor tarda em vir” (Lc 12:45)
  • O crente que está vigiando e esperando diz; “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20)
Ele e eu, em glória radiante,
Profundo júbilo desfrutar,
O meu, com Ele doravante
E o d'Ele, ter-me em seu lar.

14) Mateus 17:1-8

“Seis dias depois, tomou Jesus Consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-Se diante deles; e o Seu rosto resplandeceu como o Sol, e os Seus vestidos se tornaram brancos como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para Ti, um para Moisés, e um para Elias. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o Meu amado Filho, em Quem Me comprazo: escutai-O. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre seus rostos, e tiveram grande medo. E aproximando-Se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos; e não tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus”. A narrativa da transfiguração do Senhor Jesus Cristo no monte é uma amostra da glória de Seu reino Milenar. Isso aconteceu “seis dias depois”. Assumindo ser “um dia como mil anos” (2 Pe 3:8) isso figurativamente indica que o reino de Cristo iria ser estabelecido aproximadamente 6.000 anos após o início da história do homem na Terra. Cristo nasceu 4.000 anos[1] após Adão – ou após 4 dias. Se esta passagem indicar que o Seu reino será estabelecido em 6.000 anos (“seis dias”), então são deixados dois dias ou 2.000 anos para representar este presente dia da graça.



[1] N. do T.: “Quanto à cronologia do período de tempo entre o Velho Testamento e o Novo, temos que considerar as ‘70 Semanas’ de Daniel 9:24. Como uma dessas ‘semanas’ de anos refere-se ao futuro, aí permanecem 69 ‘semanas’, que são 483 anos, considerados ‘desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir’, não o templo, mas a cidade de ‘Jerusalém’. A permissão para isso foi dada a Neemias por Artaxerxes I, no 20º ano de seu reinado; o estado de assolação no qual Neemias encontrou a cidade ao chegar é descrito com considerável detalhe. O versículo 26 de Daniel 9 mostra que as 69 semanas não acabam antes da manifestação do Messias a Israel (Jo 1:31), e talvez nem antes de Sua morte. Então seria necessário deduzir 33 anos para se chegar a data de Seu nascimento, que terá sido 450 após a permissão ser dada para reconstruir a cidade, ou 530 anos após o retorno dos primeiros cativos vindos da Babilônia. Essas considerações nos habilitam a chegar ao seguinte resumo:

Da criação até o dilúvio, quando Noé tinha 600 anos (Gn 5:3-29, 7:11) ► 1.656 anos
Do dilúvio ao nascimento de Terá (Gn 11:10-25) ► 222 anos
Quando seu pai morreu, com 205 anos, Abraão tinha 75 anos ► 130 anos
Desde a criação do mundo até o nascimento de Abraão2.008 anos

Abraão entrou na terra de Canaã 75 anos depois (Gn 12:4) ► 75 anos
Até a saída do Egito (Gn 15:13, 16; Êx 12:40) ► 430 anos
Até a construção do templo, 480 anos depois ► 480 anos
Período do reinado de Salomão, menos 3 anos já passados (1 Rs 6:1) ► 37 anos
Dos reis de Judá e Israel até ao cativeiro na Babilônia ► 370 anos
Período de cativeiro (70 anos), e até Neemias (80 anos) ► 150 anos
69 “semanas” menos 33 anos (Dn 9:26) ► 450 anos
Desde a criação do mundo até o nascimento do Messias4.000 anos

Extraído da introdução da New Translation, J. N. Darby, pág. XXX - “Note on the Chronological Dates.

13) Mateus 15:1-39

Na primeira parte deste capítulo o Senhor expôs o estado dos judeus, como sendo corrupto e afastado de Deus. Depois de pronunciar Seu juízo sobre eles, Ele parte para Tiro e Sidom que eram cidades gentias da Síria (At 21:3). Essa é uma ação simbólica do Senhor mostrando que Deus suspenderia os Seus tratos com Israel por um tempo, e que Ele visitaria os gentios neste dia presente com o evangelho de Sua graça. Uma mulher gentia foi abençoada sob o princípio de fé, sendo um exemplo do material pelo qual a Igreja seria composta. Após tratar com a mulher, Ele retornou às regiões judias e tomou um lugar numa montanha na Galileia onde administrou bênçãos para todos que vinham a Ele. Isso demonstra Deus retornando Seus tratos com Israel em um dia vindouro. A bênção que flui prenuncia a benção milenar no reino de Cristo. Todos foram curados (vs. 29-31), de acordo com Isaías 35:5-6, e todos foram satisfeitos com pão (vs. 32-39), de acordo com o Salmo 132:15. Essa bênção aconteceu no terceiro dia (v. 32).

12) Levítico 23

Neste capítulo, os “dois dias” são vistos num modo diferente. É necessário ter primeiro um simples entendimento do esboço dispensacional do capítulo antes que os dois dias possam ser vistos. Há sete festas anuais no capítulo, que dão uma antecipação dos eventos desde a cruz de Cristo até a vinda do Seu reino. São elas: “a páscoa” – a morte de Cristo (1 Co 5:7), “a festa dos pães asmos” – a comunhão prática em santidade nos santos (1 Co 5:8), “a festa das primícias” – Cristo ressuscitado e elevado em glória (1 Co 15:23), “a festa do pentecostes” – a Igreja formada em um corpo pela descida e habitação do Espírito (At 2:1), “a festa das trombetas” – Israel sendo ajuntado de entre as nações depois da sua dispersão durante o dia presente (Mt 24:31), “o dia da expiação” – arrependimento de Israel diante de Deus (Zc 12:9-14; Sl 51), e “a festa dos tabernáculos” – a bênção milenar da Terra no reino de Cristo (Sl 72). As primeiras quatro festas foram cumpridas, e a três últimas ainda estão para ser cumpridas. Todas as festas exceto as duas do meio, eram celebradas num dia específico no calendário judeu e correspondem à ordem judaica de coisas concernentes à observação de tempos e estações (Gl 4:9-10). Mas não havia calendário de datas para “a festa das primícias” e “a festa de pentecostes”. Estas festas correspondem à presente dispensação Cristã. Elas falam de Cristo que foi para o céu e do Espírito de Deus enviado para formar a Igreja, o corpo de Cristo. Essas são as duas características distintivas do Cristianismo (Jo 7:39). Essas duas festas eram para serem guardadas no primeiro dia da semana! Esses dois primeiros dias da semana diferem do resto dos dias festivos e indicam este presente período de aproximadamente 2.000 anos.

11) Jonas 1-3

No primeiro capítulo, Deus comunicou Sua vontade a Jonas tornando-o uma testemunha responsável aos ninivitas (gentios). Similarmente, foi dado um privilégio à nação de Israel, tendo os oráculos de Deus sido confiados a ela (Rm 3:2). Consequentemente, eles foram colocados em um lugar de responsabilidade de levar ao mundo o testemunho do verdadeiro conhecimento de Deus (Rm 2:18-20; Is 43:10). Da mesma maneira que Jonas se rebelou e saiu da presença de Deus, Israel também foi rebelde contra o Senhor e falhou em dar um testemunho apropriado do Senhor ao mundo. A má conduta deles sob a lei só deu às nações motivo para blasfemar contra Deus (Rm 2:23-24). Assim como Jonas foi atirado ao mar, assim Israel, nos caminhos de Deus, foi colocado de lado por um tempo e estão, no presente, dispersos num mar de nações (Ap 17:15; Mt 21:21). Depois de Jonas ter sido atirado ao mar, os marinheiros gentios se tornaram para Deus. Essa é outra figura da salvação vindo aos gentios por Israel ter sido colocado de lado. A aflição por que Jonas passou nas entranhas do grande peixe do capítulo 2, é uma figura das provas e sofrimentos que os judeus passaram durante os longos anos de sua dispersão. É interessante notar que embora Jonas tenha sido engolido pelo grande peixe, ele não orou a Deus até o terceiro dia! É dito: e Jonas esteve no ventre do peixe três dias e três noites. Então orou Jonas a Jeová seu Deus (Jn 1:17 – 2:1 – TB). E quando Jonas finalmente orou, em verdadeiro quebrantamento, Deus respondeu sua oração e o libertou (Jn 2:2-10). Isto é um prenúncio da libertação de Israel e sua restauração a Deus. Jonas veio a público novamente e estava pronto para ser usado como um instrumento de bênção aos ninivitas que são uma figura das muitas nações que irão se converter ao Deus de Israel por meio do testemunho de Israel (Jn 3:1-10). Israel será usado para ser uma bênção para as nações naquele dia (Is 2:1-3, 60:1-5, 62:1-3).

10) 2 Reis 19:35-20:11

“Sucedeu pois que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles: e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos mortos. Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e foi, e voltou: e ficou em Nínive. E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrã-Meleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Arará: e Esaradom, seu filho, reinou em seu lugar. Naqueles dias adoeceu Ezequias de morte: e o profeta Isaías, filho de Amós, veio a ele, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Ordena a tua casa, porque morrerás e não viverás. Então virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo: Ah! Senhor! Sê servido de Te lembrar de que andei diante de Ti em verdade, e com o coração perfeito, e fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo. Sucedeu pois que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a Palavra do Senhor, dizendo: Volta, e dize a Ezequias, chefe do Meu povo: Assim diz o Senhor Deus de teu pai Davi: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que Eu te sararei; ao terceiro dia subirás à casa do Senhor. E acrescentarei aos teus dias quinze anos, e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e ampararei esta cidade por amor de Mim, e por amor de Davi, Meu servo. Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga; e ele sarou”. Nesta passagem vemos que depois de o Senhor destruir Senaqueribe e seu exército assírio, Ezequias (que havia adoecido “de uma enfermidade mortal” v. 1 – ARA), foi levantado e sua saúde foi restaurada novamente no “terceiro dia”. Senaqueribe e os Assírios são figuras bem conhecidas das hordas russas que, em seus últimos dias, descerão sobre a terra de Israel (Ez 38-39). A condição de Ezequias (doente a ponto de morrer) é uma figura da condição espiritual de Israel diante de Deus. É significativo que Ezequias permaneceu nesta condição por dois dias antes de ter clamado ao Senhor no terceiro dia e ser levantado. O mesmo ocorrerá com Israel quando invocarem ao Senhor em sua angústia, no final da grande tribulação (Jl 2:15-17), eles também serão levantados por Ele.

9) 2 Samuel 1:1-2

“E sucedeu, depois da morte de Saul, voltando Davi da derrota dos amalequitas, e ficando Davi dois dias em Siclague, sucedeu, ao terceiro dia, que eis que um homem veio do arraial de Saul com os vestidos rotos e com terra sobre a cabeça; e, sucedeu que chegando ele a Davi, se lançou no chão, e se inclinou”. Davi é uma figura de Cristo aqui. Em 1 Samuel, Davi foi rejeitado pelos seus irmãos e refugiou-se em Siclague que era um lugar fora da terra que Israel ocupava aquele dia (1 Sm 27:4-6). Parece que Davi viveu em Siclague por 16 meses (1 Sm 27:7). Mas é surpreendente esse versículo diz que ele habitou lá “dois dias” antes seguir adiante no “terceiro dia” para publicamente tomar seu trono em Hebron. Davi em sua rejeição, fala de Cristo no presente tempo, rejeitado por Israel e o mundo. O “terceiro dia” como vimos, fala do tempo quando o Senhor virá em poder e glória para tomar o trono em Israel e reinar como o Rei de direito sobre todos (Is 32:1; Zc 14:9).

8) Josué 10:12-14


“Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse aos olhos dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu Lua, no vale de Ajalom. E o Sol se deteve, e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro do Reto? O Sol pois se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro: E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor assim a voz dum homem: porque o Senhor pelejava por Israel”. No capítulo 9, Israel falhou em sua responsabilidade e, consequentemente, os gibeonitas foram introduzidos no meio deles. Esse povo era gentio e, como resultado da falha, Josué foi obrigado a “livrar” os gibeonitas (Js 10:6). Isto nos fala da história de oportunidade que foi dada ao mundo gentio para ser salvo pela graça de Deus em face da falha de Israel (Rm 11:11-20). Após todo um dia de conflito, Josué percebeu que eles não teriam tempo suficiente para alcançar a vitória; assim, ele pede para que o Sol para não se ponha e este parou sobre Gibeão por mais um dia completo. A batalha, portanto, continuou por dois dias, como contaríamos o tempo! Esta é uma bela figura deste prolongado dia de graça quando o brilhar da graça de Deus tem permanecido sobre este mundo até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11:25). Nunca tinha havido um “dia semelhante a este”, e certamente não tem havido um dia como este presente quando gentios de todo o mundo têm sido salvos aos milhares. Depois de um longo dia em Gibeão, Israel retornou a “Gilgal”. O lugar que fala de julgamento próprio (v. 15; Js 5:1-9). Da mesma forma, após o dia da graça terminar seu curso, Israel irá ser trazido ao julgamento próprio e arrependimento diante do Senhor. Depois desse momento, serão abençoados em Seu reino (Sl 51; Zc 12:9-14).

7) Êxodo 19:10-11


“Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles os seus vestidos; E estejam prontos para o terceiro dia: porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte de Sinai”. Aqui o Senhor estava oculto à vista de Israel por dois dias (“hoje e amanhã”) antes de Sua vinda diante de todo o povo para fazer um concerto com eles no “terceiro dia”. Os dois dias novamente poderiam correspondem à presente dispensação, durante a qual o Senhor permanece oculto de Israel e do mundo que O rejeitou. O “terceiro dia” fala do tempo da manifestação pública do Senhor em Sua segunda vinda – Sua Aparição (Ap 1:7). Portanto, ao estabelecer o primeiro concerto, temos uma indicação de quando o novo concerto será feito com Israel (Jr 31:31-34; Hb 8:8-12). Embora Israel tenha falhado em manter a lei dada a eles naquele dia (quando estavam sob o primeiro concerto), no dia vindouro eles irão cumprir Sua lei porque ela será escrita no coração deles (Ez 36:25-27, 37:26; Rm 11:25-27).